Crise política e violência afetam turismo da pesca na Nicarágua

País vive onda de conflitos entre a população e mercado da pesca vê os turistas desaparecerem

Por Lielson Tiozzo

A onda de violência provocada pela crise política na Nicarágua diminuiu o turismo da pesca no país. Empresários do setor, ouvidos pelo site local La Prensa, afirmam que a procura por turistas estrangeiros caiu bruscamente em 2018 se comparada com 2017. Há dois anos a pesca foi a 13ª atividade mais requisitada no país centro americano.

Segundo o Instituto Nicaraguense de Turismo, em 2017, 57,3% dos turistas vindos da América do Norte tinham interesse pela pesca no país. Europeus também tiveram uma forte presença. A Nicarágua se destaca pela pesca oceânica de peixes de bico e de pelágicos, como atuns, e nas águas continentais pela de robalos.

No entanto, a instabilidade do Governo em 2018 provocou pânico. Grupos simpatizantes e oposicionistas do presidente Daniel Ortega entraram em confronto em diversas ocasiões. Entre abril e julho do ano passado cerca de 500 pessoas morreram.

A boa expectativa que o turismo da pesca tinha para 2018 não se confirmou. Pelo contrário. Faltaram recursos ao setor para promover reformas nas marinas e nos píeres. Os torneios – sempre atrativos para os turistas – foram suspensos pela falta de investimento.

A Organización del Sector Pesquero y Acuícola del Istmo Centroamericano (Ospesca) classifica a Nicarágua como um dos mais importantes polos de desenvolvimento da pesca amadora por conta de suas ótimas condições de área marítima.

“Em 2018 pretendíamos fazer ajustes na marina. Era um investimento milionário. Como o turismo acabou, vamos deixar para outra oportunidade. Não temos nenhuma perspectiva para este ano”, afirma o presidente da Marina Puesta del Sol, Roberto Membreño.

Lancha da Marina Puesta del Sol parte em busca dos gigantescos peixes de bico da Nicarágua

Aumento do valor da Licença

Como se não bastasse a crise, o governo confirmou um reajuste na licença de pesca para turistas em 2019. São US$ 20 por semana, US$ 30 por uma tarifa mensal e US$ 60 por ano. O turista local paga uma taxa única de US$ 15. Mas, nada disso vai importar, segundo Membreño.

“Não podiam ter aumentado. Este é um mercado que já não existe. Como não temos mais turistas, não vai afetar em nada”, pontua Membreño. “Mas veja passaram outro problema para afastar ainda mais os pescadores”, avalia o empresário.