Desmatamento na Amazônia reduz até 16% do peso dos peixes

Pesquisa publicada na revista científica PLOS One traz dado alarmante para comunidade da pesca num momento de recorde de incêndios na região

Por Lielson Tiozzo

Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que o desmatamento na Amazônia pode ser o responsável pela redução de até 16% do peso dos peixes. Os resultados foram publicados na revista científica PLOS One, em maio de 2018.

No entanto, esta constatação fica ainda mais alarmante no momento em que as queimadas na região puderam ser vistas por satélites da agência espacial NASA e a fumaça encobriu cidades brasileiras.

O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou um recorde de 72.843 incêndios este ano, um aumento de 80% em relação ao ano passado.

De acordo com a pesquisa da USP, o desmatamento na Amazônia é responsável por elevar até 6% da temperatura d’água nos riachos de cabeceira.

“A copa das árvores intercepta, bloqueia e reflete a radiação solar incidente. Sem elas, a radiação incide diretamente sobre o solo e sobre a superfície d’água, provocando a elevação”, explica o biólogo e um dos autores do estudo, Luís Schiesari, em entrevista ao Jornal da USP.

A relação da temperatura da água com a redução da massa corpórea de indivíduos de sangue frio como peixes e anfíbios, já era reconhecida do mundo científico e, inclusive, pode ser considerada uma unanimidade sobre os efeitos do Aquecimento Global. A novidade trazida por este estudo é que este fenômeno também está relacionado a outros incidentes, como o desmatamento.

No trabalho de campo, os pesquisadores coletaram amostras nos rios que formam o Rio Xingu e avaliaram cerca de 90 espécies.