Saiba quem foi o pioneiro da pescaria de fly no Brasil

O ano de 1955 ficará marcado na história da pesca brasileira. Foi nesta data que o flyfishing estreou por aqui

Por Alex Koike

Quando se pensa em fly no Brasil, devemos sempre lembrar de Paulo César Domingues da Silva. Ele pode ser considerado o pioneiro da modalidade, graças a sua curiosidade e inteligência.

Paulo nasceu no Rio de Janeiro, em 29 de junho de 1931, mesmo dia de São Pedro e do pescador. Começou a pescar lambari aos seis anos, nos riachos onde os pais dele passavam as férias no Estado do Rio. Ele cresceu cultivando o gosto pela natureza.

No final da década de 40, tomou conhecimento da modalidade nas revistas americanas Outdoor Life, Sports Afield e Field & Stream.

“Ao ver pela 1ª vez as propagandas coloridas nas revistas americanas exibindo as varas, carretilhas e moscas, mostrando a maneira original de usá-los, fui atraído por essa modalidade tanto pela beleza e leveza do equipamento como por sua originalidade”, relembra o pescador.

Apesar de conhecer a modalidade, decorreu um grande espaço de tempo entre tomar conhecimento do esporte, a compra do material e usá-lo. Isto por causa da falta de informação sobre como lançar uma mosca, pois ainda não existiam os vídeos e não havia ninguém que conhecesse o esporte. Outra dificuldade foi a falta de equipamento e o preço deles.

Mesmo imaginando que não poderia pescar com mosca aqui, comprou a tralha que o atraia. Ela era formada por uma vara Wonderod branca de fibra de vidro, com 7’8”, de 2 seções.

“Comprei de um amigo que o havia encomendado certo de que receberia uma vara para arremesso de praia. Custou-me, na época US$ 35.00. Apesar de não ser o modelo mais caro da linha de varas da Shakespeare, era muito boa. A carretilha era uma Bristol (não existe mais) das mais baratas e vagabundas, mas fiquei muito contente em encontrá-la aqui no Brasil. Aliás, não sei quem ficou mais contente, o vendedor de se livrar dela ou eu. A linha de mosca era uma Ashaway, flutuante, de seda, também a única encontrada aqui numa loja. Por sorte minha era a que combinava com a vara”.

A primeira pescaria com a mosca artificial foi ano de 1955, na Serra da Bocaina, no Rio Paca, onde as trutas arco-íris tinham sido introduzidas pelo Ministério da Agricultura em 1949, trazidas da Dinamarca.

Depois do começo difícil, o pescador viajou para vários locais do mundo, como Argentina, Chile, Bolívia, Costa Rica, Belize, México, Estados Unidos, Kiribati (Christmas Island), e no Brasil para pescar. E foi em uma destas viagens, nos anos 70, que conheceu um dos seus grandes mestres, o famoso instrutor de arremesso de fly, Mel Krieger.

Em 1993, na publicação Bíblia do Pescador, escreveu o artigo “ABC do Fly”, uma dos primeiros textos didáticos. Logo em seguida gravou um vídeo de mesmo nome ensinando os primeiros passos para quem quer iniciar na pesca com mosca.

O maior incentivo para ter feito todas essas obras, foi o de tentar entusiasmar os pescadores brasileiros numa das mais interessantes e envolventes modalidades de pesca que existe. “Parece que consegui”, conclui um entusiasmado Paulo Cesar.

Paulo César Domingues preparando uma isca que posteriormente foi usada em alguma pescaria pelo mundo (Foto: Arquivo Pessoal)