Pescaria de cavala-wahoo, a Fórmula 1 dos mares

Dicas para capturar um dos peixes mais rápidos dos mares, que podem atingir velocidades de até 100 km/h

Por Tuba

Fazia alguns minutos que tínhamos começado a corricar nas proximidades do Banco Royal Charlotte em Canavieiras (BA) e a ansiedade tomava conta de todos, afinal essa região é uma das mais ricas em vida marinha da costa brasileira. E ideal para a pescaria de cavala-wahoo.

De repente a pequena carretilha carregada com 300 m de linha multifilamento 50 lb disparou com um barulho incrível, denunciando que um peixe muito rápido havia sido fisgado.

Em pouquíssimos segundos mais de 100 m de linha foram liberados pela carretilha à uma velocidade impressionante. Nem é preciso dizer que a adrenalina tomou conta de todos.

Depois de algumas tomadas de linha e várias corridas junto a superfície do mar já era possível imaginar qual espécie seria.

Tudo indicava ser uma grande cavala-wahoo, que aqui na Bahia também é chamada de cavala-aipim.

Características

Esse peixe passa de dois metros de comprimento e podem chegar a pesar cerca de 80 kg, porém o tamanho mais comum de serem encontradas fica entre 10 e 30 kg. O corpo fusiforme revestido de pequenas escamas, praticamente imperceptíveis, a torna altamente hidrodinâmica.

Seus maxilares em forma de bico, armados de poderosos dentes, podem ser movimentados como uma tesoura e tem a capacidade de cortar um peixe ao meio de uma maneira quase cirúrgica, com extrema facilidade. Isso a torna um animal perigoso e deve ser manuseada com muito cuidado.

Particularmente, me sinto mais à vontade lidando com um tubarão do que com uma grande cavala-wahoo, pois suas fortes mandíbulas podem decepar um membro em uma fração de segundo.

Comportamento e habitat

As cavalas-wahoo realizam migrações sazonais, as vezes sozinhas ou em grupos inversamente proporcionais a sua idade, sendo que quanto maiores os peixes menores os cardumes, comportamento típico de muitas espécies. Segundo pesquisas, elas podem desovar durante o ano todo, são grandes predadoras e se alimentam de uma grande variedade de peixes como os atuns e bonitos por exemplo.

Normalmente são encontradas em águas oceânicas, sempre próximas da superfície. Também podem ser vistas ao redor de plataformas petrolíferas, sobre naufrágios e parcéis afastados da costa.

Embora a pesca com iscas vivas seja, sem sombra de dúvidas, produtiva a pesca de corrico é a mais eficiente, pois como as wahoos vivem em águas abertas a chance de encontrar com elas é maior se a lancha cobrir uma grande área.

Equipamentos

Para este tipo de pescaria, diversas iscas funcionam bem. Porém uma característica é muito desejada para o sucesso da sua captura, que é a capacidade de serem corricadas a altas velocidades.

Um dos segredos para a captura desse magnífico animal é corricar a acima dos 10 nós. Infelizmente essa característica é dificilmente encontrada na maioria das iscas, somente os modelos de alta qualidade possuem essa capacidade.

Alguns exemplos de boas iscas para espécie são as lulas tipo jet head (cabeças cônicas de metal com orifícios), Rapalas CD magnum e X Rap magnum, Yo-Zuri Bonita e semelhantes. Por causa da forte dentição, é aconselhável o uso de pelo menos 50 cm de cabo de aço revestido na cor preta ou vermelha.

As artificiais devem sempre ficar posicionadas no final da espuma criada pelos hélices da embarcação, isso geralmente varia entre 30 e 70 metros, dependendo da velocidade e do tipo de embarcação.

O ataque das wahoos é sempre muito violento e bastante impressionante. Ela se prepara e investe de maneira fulminante combinando alta velocidade, já que são considerados os peixes mais rápidos dos mares podendo atingir velocidades de até 100 km/h, com suas poderosas mandíbulas.

O primeiro ataque sempre é na cauda da vítima para limitar a sua movimentação e depois, com calma, ela acaba de devorar o restante da presa.

Táticas

Quando o peixe atacar a isca, não se deve retirar as varas do suporte antes que essa corrida diminua. Também é desejável que o capitão da embarcação dê uma pequena acelerada no momento do strike, o que vai garantir uma boa fisgada. É fundamental muita atenção no comando da lancha, pois as wahoos costumam mudar rapidamente de rumo sem aviso.

Se vierem em direção da lancha, afrouxando as linhas, elas podem acabar escapando. Para evitar esse problema, o capitão deve acelerar para manter a linha esticada. Portanto o uso de linhas de alta visibilidade ajuda o trabalho.

Por causa das fenomenais e longas corridas da wahoo, que chegam a tomar mais de 150 m de linha. Eu aconselho o uso de equipamentos que comportem pelo menos 300 m de linha de náilon 15 a 50 lb ou multifilamento de 30 a 65 lb. As linhas deve abastecer carretilhas oceânicas de classe 20 a 50 lb e fazer conjunto com varas compatíveis.

Na hora do embarque, todo o cuidado é pouco porque os seus dentes poderosos podem causar sérios ferimentos. Costumo pedir para que a área da popa seja totalmente liberada ficando o pescador e o responsável pelo embarque.

Como as cavalas são peixes relativamente frágeis, caso você pretenda embarcá-las para fotografar, o ideal é que elas sejam abatidas para o consumo, caso contrário elas devem ser liberadas dentro d’água para evitar sua morte.

As cavalas wahoo estão entre os peixes mais saborosos que eu já provei, sendo que o sashimi de sua carne branca e levemente rosada tem uma maciez impressionante.

A cavala wahoo é um dos peixes mais velozes que pode ser pescado na costa brasileira