Governo sinaliza “cota um”, ao invés de cota zero em Mato Grosso do Sul

Mudanças devem ser anunciadas com a inclusão de pelo menos um peixe para cada pescador licenciado e haverá alterações nos tamanhos mínimos e máximos permitidos para captura. Entusiastas e oposicionistas ficam satisfeitos

Por Lielson Tiozzo

Mato Grosso do Sul deve anunciar mudanças no decreto que estabelecia a cota zero do transporte do pescado a partir de 2020. A expectativa é que seja liberado um peixe, de qualquer peso, mas com limite de tamanhos, para cada pescador licenciado, mais cinco piranhas. O dourado seguirá protegido por meio de Lei, mas o tambaqui – espécie introduzida na região – poderá ser capturado. Haverá também mudanças nos tamanhos mínimos e máximos de algumas espécies “nobres”. A cota mensal para pescadores profissionais será mantida em 400 kg.

Se confirmar as mudanças, o governo estadual deve agradar opositores e até mesmo entusiastas da medida mais protecionista. Vale lembrar que a pesca profissional não ia ser afetada com a cota zero. Já os praticantes da pesca subaquática, que pelo decreto só poderiam consumir o peixe abatido no local da captura, agora poderão levar pelo menos um para casa. Eles também poderão abater peixes considerados exóticos.

A Pesca & Companhia apurou que algumas espécies podem ter a cota ampliada para mais de um exemplar. É o caso de peixes como o mandi, a jurupoca e o piau, os quais são considerados “pequenos”. Estes são do alcance de pescadores mais “humildes”, os quais não possuem embarcações para acessar pontos mais remotos.

“Já existe esta sinalização do governo para estas mudanças. Estamos chegando a um consenso geral. Alguns pontos precisam ainda ser discutidos, mas já sabemos que para 2020 a cota não será zero”, pontua a líder do “Movimento Não a Cota Zero”, Étila Guedes.

Entusiasta do decreto do governador Reinaldo Azambuja (PSDB), a empresária do turismo, Joice Marques, elogiou a negociação com todo o segmento da pesca. Ela avalia que o Pantanal poderá se beneficiar da medida, desde que “todos cumpram a sua parte”. Pelo menos 70% do bioma fica em Mato Grosso do Sul.

“Vemos um avanço muito grande. Passamos para uma diminuição da cota, para um exemplar apenas ou talvez nenhum peixe. Assim, o Pantanal começa uma nova história”, avalia Joice.

A empresária, que opera barcos-hotéis em Corumbá (MS), reconheceu que o decreto “não ia agradar todo mundo”, por ser “restritivo”. Ainda mais por abranger uma região onde sempre houve uma cota, como o Pantanal. “Esta medida ambiental vai dar um suporte. Estamos ansiosos e espero que todos possamos ganhar. O governo vai deixar um legado de conservação”, cita.

Além de poder levar pelo menos um peixe para casa, o pescador ainda tem garantido mais cinco piranhas (Foto: Pepe Mélega)