Isolamento pode ser tempo de estudo para pescador

Durante o período de reclusão social por conta da pandemia do coronavírus, existem boas opções que nos mantém ligados à pesca sem sair de casa

Por Guilherme Monteiro

Muitos de nós pescadores estamos experimentando um período de introspecção. Retirados aos nossos lares, em meio a esta pandemia do Covid-19 que confina o mundo ao isolamento social. Com o passar mais lento das horas, estamos todos buscando ocupar nosso tempo em casa, achando afazeres que nos levem mais para perto da nossa paixão, a pesca.

Arrumar e organizar a tralha geralmente são ocupações que nos remetem a pescaria, já que não podemos estar lá. A prática mental é uma das formas de estarmos conectados com os peixes, mesmo que em pensamento. Outro excelente passatempo é a leitura, seja uma revista, um livro, ou mesmo através da web, um ótimo momento para aprofundar conhecimento, dentro das áreas de interesse de cada um.

No meu caso, estou estudando um assunto que sempre me interessou muito: o gênero Hoplias, em especial aquela que ajudou muito na minha formação de pescador esportivo apaixonado, a Hoplias lacerdae, rainha dos pampas, a traíra-tornasol.

Verdade que não estava em meus planos iniciais este tipo de estudos, que outrora muito me animaram. Mas as coisas são assim, às vezes uma fagulha pequena ascende uma grande fogueira dentro de nós, e comigo ela veio através da curiosidade de um amigo também aficionado pela espécie, o Marcelo Pons.

Ao me perguntar algo sobre a sua origem científica, me fez retornar à este campo, a leitura de artigos científicos. Eu pretendia dedicar a maior parte do meu tempo em casa escrevendo meu novo livro, mas já se vão algumas horas lendo Miranda Ribeiro, Oswaldo Oyakawa, George Mattox, entre outros, graças ao seu Tibes.

Originariamente descrita no Ribeira de Iguape (SP) por Miranda Ribeiro, em 1908, a nossa tornasol, hoje desejada e famosa entre os pescadores do sul, e também dos países vizinhos aqui do pampa, é um trairão, que se diferencia especialmente em tamanho das Hoplias malabaricus, as traíras comuns. Presente em toda a bacia do Rio Uruguai, a tornasol na sua origem no vale do Ribeira é também popularmente conhecida por lá como trairossu, hoje cada vez mais rara em São Paulo, mas ainda presente.

Está aí uma boa dica aos amigos que querem ocupar seu tempo recluso: estudar. O conhecimento é importante para aqueles que como eu fazem profissionalmente a pesca esportiva, lojistas, guias, operadores, e demais pessoas ligadas intimamente ao meio. O que não significa que você que faz da pesca seu lazer também não possa aprofundar o que sabe sobre seu esporte. Escolha o seu tema predileto, seu peixe ou região que mais goste, e aproveite seu tempo de quarentena para estudar, tenho certeza que não irá se arrepender.

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Guilherme Monteiro decidiu se dedicar às pesquisas sobre uma de suas espécies favoritas, a traíra-tornasol (Foto: Munique Monteiro)