Redondos selvagens no fly

Aprenda a capturar os fortes redondos usando o equipamento de mosca

Por Kelven Lopes

A pesca de peixes redondos com o fly é conhecida e amplamente praticada nos pesqueiros do Brasil. Talvez seja o ponto de início de muitos pescadores nessa modalidade.

Agora, capturar com equipamento de pesca com mosca, redondos amazônicos em habitat selvagem não é tão comum.

O termo “redondos” se espalhou pelos frequentadores de pesqueiros, que chamavam dessa forma os tambaquis, as pirapitingas, os pacus, assim como os descendentes híbridos tambatinga e tambacu.

Ambiente e a pesca

O local dessa pescaria foi uma reserva de desenvolvimento sustentável com pesca esportiva é ordenada.

O ponto é um complexo de lagos de várzea da região do médio Solimões com água preta e visibilidade de um metro.

Estes lagos são cobertos por uma vegetação aquática flutuante – capins enraizados nas margens que se desenvolvem e adentram o lago, formando um grande tapete de plantas aquáticas.

Os redondos costumam ficar nas beiras da vegetação aquática

Outro local interessante, principalmente na pesca de pirapitingas, é a calhas ou cano de maior volume de água que alimentam os lagos destes sistemas de lagos.

Por serem predominantemente onívoros, a melhor isca é uma imitação de sementes ou frutos. Essas moscas são simples, miçangas comuns (bolas de plástico de diversos tamanhos e cores) compradas em lojas de armarinhos.

Essas isca mimetizam o formato e o ruído natural de um fruto caindo na água, fazendo aquele som característico de “ploc”.

A semelhança com frutos nativos e o barulho são as principais formas de chamar e despertar a atenção destes peixes.

A técnica de pesca consiste em dois arremessos. O primeiro tem como objetivo fazer apenas o barulho de “ploc” e rapidamente outro arremesso é feito no mesmo local.

Neste último, deixa-se a mosca afundar. Conte mentalmente 10 segundos na expectativa de que os redondos peguem a mosca enquanto ela está afundando.

Na maioria das vezes a captura ocorre entre 0,8 cm a 1,2 metros de profundidade.

Se não capturar, novamente é realizado os arremessos o 1° para fazer barulho e rapidamente sem deixar que a miçanga afunde e o 2° arremesso também com barulho, mas agora este segundo arremesso deixa a mosca afundar.

Essa técnica é utilizada para ambas as espécies e nos distintos ambientes. Sempre com muito sucesso e eficiência.

Infelizmente, devido a pesca comercial desenfreada, os grandes redondos estão cada vez mais raros.

Equipamentos

Recomenda-se utilizar linhas flutuantes, sendo possível perceber quando os redondos abocanham a mosca afundando rapidamente a ponta da linha de fly.

Neste momento começa uma verdadeira batalha de força, testando o equipamento, a capacidade do mosqueiro em segurar a linha para que o tambaqui não adentre na vegetação.

Já a pesca da pirapitinga é mais tranquila, a mesma técnica e aplicada ao longo dos canos com águas com correnteza mais moderada.

Para tambaquis é aconselhável varas de 9′, número #9 a #11, com carretilhas equivalentes. Os líderes são simples, um único pedaço de fluorcarbono 60 a 80 lb, com cerca de 8 pés de comprimento.

Porém as moscas devem ser confeccionadas com anzois de qualidade para que não deformem ou abram devido as fortes mordidas.

E para as pirapitingas?

Os materiais sugeridos para as pirapitingas são varas de número #8 a #9, com 9′ pés de comprimento, acopladas com carretilhas equivalentes e linhas flutuantes.

Os líderes são confeccionados em duas partes, podendo ser finalizado com 40 lb. Em relação as moscas, as melhores são imitações de frutas.

As moscas que imitam frutos devem ser tamanhos entre 1,2 mm a 2.2 mm de diâmetro. Naturalmente as maiores são para os tambaquis e as menores são mais para as pirapitingas.

Contudo, não deixe de ter streamers curtos e volumosos em sua caixa, por vezes são ótimas opções para as pirapitingas. Chamo a atenção pela qualidade do anzol, pois é comum os redondos morderem o anzol, fazendo com quem fiquem deformados.

A primeira opção entre as iscas é a imitação de coquinhos e frutos. Os streamers costumam funcionar melhor para as pirapitingas

As espécies

O tambaqui (Colossoma macropomun) e a pirapitinga (Piaractus brachypomus) pertence a família Serrasalmidae possuem corpo alto e curto, o que confere o aspecto “redondo”.

Eles possuem cabeça pequena e um sistema bucal desenvolvido, com dentes adaptados para quebrar duras cascas de frutos e sementes, que são sua dieta principal.

São peixes onívoros e consomem muitos frutos, sementes e até flores na fase adulta. Porém, plâncton ou pequenos peixes, podem ser consumidos oportunamente ou em momentos de escassez, principalmente na vazante e seca.

A pirapitinga apresenta uma tendência um pouco maior para ser carnívora, quando comparado ao tambaqui, consumindo com mais frequência insetos que caem na água e alguns pequenos peixes.

O tambaqui é destaque na aquicultura brasileira, detêm o segundo lugar no ranking nacional de produção de peixes cultivados, perdendo somente para a tilápia.

O tambaqui ainda é considerado o segundo maior peixes de escamas da Amazônia, pode atingir um pouco mais de um metro e pesar mais de 35 kg.

Infelizmente, devido a pesca comercial desenfreada, indivíduos grandes das duas espécies estão cada vez mais raros.