Swordfish, o gladiador das profundezas

Saiba como capturar uma das mais fortes e resistentes espécie dos oceanos, que habita profundidades superiores a 400m

Por Antonio Amaral, Tuba

Broadbill Swordfish (Xiphias gladius) é peixe magnífico e a sua pesca é um verdadeiro desafio, por causa da profundidade que ele vive, somada a sua força e resistência.

O seu nome científico vem do formato do seu bico em formato de espada – “gladius”, nome das espadas dos exércitos romanos na antiguidade.

Embora tenha a aparência dos marlins, ele não pertence a mesma família Istiophoridae, mas a Xiphiidae. O indivíduo adulto pode atingir até 4,5 metros e pesar mais de 540 kg.

A espécie é abundante nos oceanos e sua carne é muito apreciada. A pesca comercial é realizada a noite com espinheis, que chegam a dezenas de quilômetros de extensão.

Dificuldades da pescaria

A pesca diurna do swordfish, que também é conhecido aqui pelo nome de meca, é uma das mais técnica e especializada, pois nesse período o peixe vive abaixo de 400 metros.

Imagine fazer a sua isca chegar a 600 m de profundidade, no mar com correnteza, vento e o balanço das ondas, ou seja, é quase uma missão impossível.

Para capturar o swordfish é fundamental o uso da sonda. Na tela acima, o grande degrau em uma profundidade de 572m

Para piorar, usamos um longo líder, de 40 a 50 m de náilon 200 lb, chumbo entre 3 e 5 kg, que fica entre a linha principal e o líder, que dificulta muito colocar a isca no ponto certo.

Isso sem mencionar que é muito comum o líder se embaraçar durante a longa descida, que muitas vezes, chega a demorar 20 minutos para alcançar a profundidade desejada.

Troféu merecido

Em uma das minhas últimas pescarias em Canavieiras (BA), saí 5 h para pegar sororocas (uma das melhores iscas) em uma pedra próxima da barra.

Capturamos dois pequenos atuns black fin, que aproveitamos e largamos no fundo para ver o que saía. Não demorou muito para fisgarmos um olho-de-boi grandão.

Tinha muito “mar nordeste” de mais de 15 nós, soprando constantemente, o que torna muito difícil descer a isca em um ponto de swordfish com mais de 600 m.

Demos duas caídas com as iscas de filé de bonito que havia preparado na véspera, mas não foi como eu queria. Acabamos derivando para uma ponta mais rasa (400m).

Beto já pensava em largar umas pargueiras, quando eu disse que queria dar mais uma caída mais para o fundo, compensando a força da maré.

Nessa pescaria é utilizada uma carretilha elétrica com grande capacidade de armazenamento de linha

Hora de caprichar

Para soltar a isca, deixei a Salt Life uma Sedna CV 405 com uma parelha de motores Volvo Penta IPS 600, só com um IPS engatado, piloto automático engajado com a proa contra o mar.

Nessa condição você não sabe quando a isca chega no fundo por causa do movimento, então soltamos uns 700 m de linha, o equivalente a (2200 voltas do carretel da LP1200).

Em seguida, fechamos a fricção em 30 lb e comecei uma volta suave em sentido contrário. Com isso, a linha que estava esticada afundava até tocar o leito do oceano sem que o longo líder se embaraçasse com a linha principal

Quando o chumbo (4,5kg) tocou o fundo, recolhemos 50m e olhamos os movimentos de sobe e desce da ponta da vara. Qualquer variação nesse movimento indica o peixe na linha.

Às vezes a vara dá umas batidas para baixo, outras vezes simplesmente fica frouxa, sinal de que o peixe pegou e está vindo para a superfície brigando contra o peso do chumbo.

Logo depois que fiz essa volta, o Beto deixou a linha tocar no fundo e recolheu os 50 m. Porém, assim que ele executou a ação, a linha ficou frouxa de novo.

Pensamos que tinha batido no fundo e recolhemos mais 50 m e novamente a linha ficou frouxa, ou seja, um claro sinal de que o peixe estava na linha.

Na briga com swordfish o conjunto de pesca fica na borda da embarcação

Calma e paciência

Como você não trabalha a vara, tem que aproveitar o balanço do barco para brigar com o peixe.

O trabalho com uma carretilha elétrica que fica fixa na borda do barco é bem distinto.

Então, quando o animal tomava linha, colocava a popa do barco contra o vento e as ondas, deixando o mais estável possível para não ter nenhum tranco.

Quando o peixe parava de puxar era a nossa hora de recolher. Deixava a lancha de lado para que o balanço das ondas fizesse o trabalho de abaixar e subir a vara.

Beto controlou o freio e o recolhimento da carretilha até trazer o swordfish até a borda do barco.

Para sair vitorioso nessa pescaria é necessário uma boa dose de paciência