Spinnerbait: a nova opção para os tucunarés

Uma isca simples, que faz sucesso para diversas espécies, agora está virando moda para nossos tucunas

Por Braguinha

O spinnerbait é uma isca simples. Trata-se de um jig com uma haste em forma de V na horizontal com, geralmente, uma ou duas as colheres em uma das extremidades.

Como a ponta de seu anzol fica voltada para cima, ela dificilmente enrosca. Outra vantagem é ser fácil de usar, basta recolher que as colheres giram, atraindo o predador pelo brilho e vibração.

O spinnerbait pode cobrir diferentes profundidades, dependendo da velocidade de recolhimento.

Essas artificiais são utilizadas com sucesso por muitos profissionais dos Estados Unidos e Japão. Aqui no Brasil, proporcionam grandes resultados na pesca das traíras e dos black basses.

O spinnerbait é uma isca simples, de grande apelo visual, que simula um pequeno cardume e produz uma forte vibração

Específico para o grande tucuna

O tucunaré é um predador visual, por isso, ao montar meus procurei lâminas maiores e acabamento martelado, que refletem mais a luz por causa da superfície irregular.

É preciso usar um arame mais reforçado, ou seja, resistente o suficiente para aguentar a força bruto do animal.

O arame deve ser enrolado em vez de aberto, aumentando a segurança na briga com o peixe.

Vale lembrar que dependendo do diâmetro, a isca faz mais ou menos vibração. Quanto mais grosso e forte, menos vibração ele produz.

Já a saia, faço com o bucktail. Preferi esse material porque ele dá mais movimento e na água ele pulsa, parece estar vivo. Outra vantagem é a silhueta maior, ideal para os grandes exemplares.

Caso a piranha corte a saia, refaço-a no final do dia. Para quem não ata, o interessante é levar saias de borracha sobressalentes, que já vem prontas para usar.

Novos testes

Em 2018, fui quatro vezes para Amazônia e levei na mala spinnerbaits de 21 a 25 g.

Quando coloquei a isca para funcionar, senti uma certa dificuldade. Isso porque é uma isca pesada para lançar, para trabalhar, já que cria uma boa resistência na água.

Por isso, eu não considero uma isca para usar o dia inteiro. Mas para ser mais uma opção a mais para fisgar o seu troféu.

Primeiro exploro o ponto com as iscas de superfície. Se o peixe não aparecer, lanço uma soft jerkbait no meio das pauleiras – isso se elas existirem no local.

Em lugares mais limpos de estrutura, lanço o jig. Se ainda não tiver qualquer ação, em seguida, pincho o spinnerbait, para percorrer pontos mais profundos.

Outra situação é quando o peixe reboja na superfície, mas não subiu novamente para atacar.

Nessas situações, a isca funcionou bem. Acredito que parte desse sucesso é porque os peixes da região ainda não tinham visto esse tipo de isca.

Como usamos a spinnerbait numa situação em que o peixe está inativo, gosto de cores mais naturais, combinando o branco com alguma mais escura – por exemplo: branco com preto e um detalhe vermelho para imitar uma guelra, que são ideais para dias ensolarados com água mais limpa.

Para locais com água mais suja, prefiro o branco com um amarelo ou chartreuse e um pouco de brilho. Mas nada de “amarelão” ou “vermelho” que atraem mais a piranha do que o tucuna.

Equipamento ideal

A vara que costumo usar é parecida com a que eu utilizo para a hélice. Trata-se de um modelo mais longo, de 6´8″, indicada para linhas de até 25 lb e que arremessa 2 oz.

É um material mais parrudo, que vai ajudar nos arremessos, na hora da fisgada (mesmo em longas distâncias), e proporcionar alavanca e força sempre que necessário.

Abasteço minha carretilha com multifilamento de 40 e 50 lb, sendo que a primeira uso para spinnerbait de até 14 g e a de 50 lb para as iscas mais pesadas.

Em ambos os casos emprego líder de 0,62 mm de fluorcarbono que é atado com o nó SF ou midnight.

É importante empregar uma carretilha com boa velocidade especialmente durante a briga. Quando o predador está com a isca na boca, muitas vezes é preciso rapidez, parar tirar a folga de linha quando o tucuna vier a favor do barco.

Para uma melhor performance na pesca do tucunaré, o pescador deve estar atento ao equipamento utilizado. Ele deve ser reforçado, pois as iscas são pesadas e criam uma boa resistência na água

Como utilizar

O primeiro cuidado começa no momento em que vamos prender o spinnerbait na linha. Não use o snap.

Amarre a linha direto no arame, pois a pequena peça pode acabar enroscando no arame da isca, criando um ponto mais frágil que pode comprometer o sucesso da sua captura.

Bicos, tronco solitário perto da margem, lugares com cerca de 4 a 6 m de profundidade costumam ser promissores. Depois de eleito o ponto de pesca, arremesso e espero a isca afundar.

Em seguida, recolho lentamente. A isca vai passando pelas estruturas, lugares onde o predador fica à espreita de suas vítimas, sem enroscar.

Faço a artificial percorrer uns 15 m no fundo após o lançamento. Em seguida, aumente um pouco a velocidade e faço ela trabalhar a um metro do fundo.

No arremesso posterior, em vez de um metro, faço a isca nadar a cerca de dois metros do fundo. Faço pelo menos de quatro a cinco pinchos, testando várias faixas de profundidade.

A vara deve ficar com a ponta voltada para baixo, um ou dois palmos acima do nível a água.

Três opções

Nessas pescarias, costumo levar spinnerbaits em três categorias de peso: de 14g, de 21 a 28g e 37 a 40 g.

O mais leve é ideal para os peixes menores, se divertir naquelas semanas de pesca ruins. Ela também pode ser uma boa isca para iniciantes e tem pouca experiência, afinal é uma isca fácil de trabalhar.

A segunda faixa de peso precisa de conjunto de pesca mais específico – como o já citado – e funciona bem para exemplares maiores. Costumo utilizar esse peso mais para a meia água.

Já os maiores são os meus preferidos. Eles são mais difíceis de arremessar. Em compensação, quando entram em ação, fazem um turbilhão lá embaixo, ideal quando a água está suja, assim o predador consegue perceber ele de longe.

Fique atento

Neste ano, o grupo de pesca que eu acompanhei para o Amazonas tinha muito pescadores que nunca usaram o spinnerbait. E foram eles que conseguiram fisgar os grandões, mesmo numa situação complicada.

Acredito que isso aconteceu porque eles estavam mais abertos a sugestões, experimentar e seguir as minhas orientações. Os mais experientes tentaram fazer com que a isca se adaptasse ao seu estilo de pesca, em vez do contrário.

É importante entender as situações de maior potencial para usar o spinnerbait e investir em material mais específico.

Também é preciso insistir um pouco, ter um pouco de paciência e capturar os primeiros peixes para ir aprendendo a usar essa isca.

Esta é uma isca que abre novas possibilidades. E não só para os grandes tucunas. Para trairão, usar essa isca chega a ser covardia.

Nessa viagem, o amigo Juninho fisgou uma linda cachara. Tenho certeza que ela também vai funcionar para o dourado e a cachorra.

A notícia de que o spinnerbait funciona para o tucunaré está se espalhando rapidamente. Muita gente já tem usado, e com sucesso. O que você está esperando?

Em sentido horário. Na primeira foto acima, o turbilhão que a isca cria durante o recolhimento. A segunda mostra uma cachara capturada com a artificial e, embaixo, o black bass. Embaixo e a esquerda, um bonito trairão seduzido pelo spinnerbait.