Bargada, um peixe de couro muito veloz

Conheça um peixe de couro que vive no raso, é rápido e proporciona uma pescaria muito divertida e dinâmica

Por: Roberto Conti

Quem já ouviu falar da bargada? A espécie também conhecida como surubim-chicote é nativa das bacias dos rios Tocantins/Araguaia, e é um torpedo em forma de peixe de couro.

Na literatura existente, seu tamanho máximo pode alcançar os 1,50m, mas na prática, já se ouviu relatos de peixes beirando os 1,60m.

Trata-se de uma pescaria dinâmica, apesar de ser praticada na modalidade “espera”. O peixe quando ataca a isca, proporciona uma briga digna de grandes velocistas.

Dinâmica

É bom estar cedo na água em busca dos pontos rasos. Sim, peixes de couro em águas rasas – cerca de 60 centímetros de água – por isso a briga é tão intensa.

Escolhido o ponto, isque sua guloseima de preferência e arremesse. A espera é curta, cerca de 10 minutos, ou seja, se não pegou vá para outro ponto, mesmo que ele seja dez metros para baixo.

O legal da bargada é que não tem essa de mamar na isca ou frescura. Ela chega “chegando” e não tem a menor cerimônia em atacar a pobre isca. É tiro certo, abocanhou a isca e a fricção frita.

Melhor época

Como a bargada gosta das águas rasas, o período onde as águas estão entrando na caixa do rio até ela começar a querer sair da calha, é a melhor época para a pescaria.

De ano para ano, o início e o final da temporada, podem adiantar ou atrasar, pois dependem do período das chuvas. Por isso, é bom perguntar antes de marcar a pescaria, se as águas estão propícias para elas.

Equipamento

A bargada é um peixe de couro de porte médio e o equipamento que usamos é o médio pesado, ou seja, para linhas de no máximo 20 a 30 lb.

As varas mais longas facilitam o arremesso distante, por isso as que medem entre 6’ e 7’ (1,80m e 2,10m) são as mais indicadas. Prefira modelos de ações rápidas, para te ajudar na hora da fisgada.

Carretilhas ou molinetes, tanto faz. As linhas, podem ser de náilon ou de multifilamentos. Para as de mono, a espessura é a 0,40mm. Já para as de multi, as de 25 lb dão conta do recado.

Gosto de usar líder de fluorcarbono de 35 lb para ambas as linhas. O uso da chumbada entre 10 e 20 g é indicada para que a isca afunde em pontos com correnteza.

Os anzóis podem ser os convencionais “J” hook de tamanho 4/0 e 6/0. Eles devem ter o empate de aço, já que as bargadas têm uma “lixa” bem abrasiva na boca.

Como a bargada é carnívora, por isso, pequenos peixes vivos, minhocoçus ou até pedaços de peixes mortos, são boas iscas.

Mas, o que eu gosto de usar, são iscas da região, ou seja, aquelas que os peixes estão acostumados a comer. Nesta pescaria, o lambari foi a nossa escolha, apesar de termos os minhocoçus e tuviras pequenas.

Na montagem temos o ponto de pesca, um lugar raso. Na foto abaixo, a briga intensa com a bargada e, ao lado, os pequenos peixes que foram usados como isca

Horário da pescaria

Esta pescaria tem seu horário melhor pela manhã, até umas 10h ou no final do dia, por volta das 17h, que são horários que o sol não está incidindo tão diretamente na água, protegendo os peixes dos seus predadores.

As bargadas saem cedinho para comer e depois do horário, elas diminuem os ataques. Elas voltam a caçar por volta das 17h e isso vai até o dia seguinte. Porém, isso não é regra, elas também comem ao longo do dia.

Aproximação no ponto de pesca

Os pontos ideais são os baixios das praias formadas nas margens do rio. Caso não tenham praias, vá para pontos rasos, com estruturas de pesca, como touceiras, galhadas e capinzal.

Procure locais onde a corrente está mais evidente. Geralmente, são nesses pontos que os alimentos descem.

Por serem locais rasos, as bargadas são muito ariscas. Para minimizar a probabilidade de espantar os peixes, o ideal é chegar remando.

Chegue perto do ponto (a favor da correnteza), desligue o motor e desça o rio com o auxílio do remo. Assim que o ponto for definido, é só soltar a poita e a deixe firmar o barco para ser feito o arremesso.

Outro ponto importante é a varredura dos pontos de pesca. A cada 10 ou 15 minutos, recolha e faça um novo arremesso, em um ponto mais propício aos ataques.

Não adianta ficar arremessando no mesmo ponto ou aleatoriamente. O ideal é imaginar um semi-círculo na sua frente e ir arremessando de um lado ao outro, em sentido do leque.

Cuidado ao manusear

Tome cuidado com os ferrões nas nadadeiras laterais e dorsal do peixe. Elas são serrilhadas, o que facilita a entrada em nossa pele e ao mesmo tempo, dificulta a saída, causando grandes traumas.

A dor deste ferimento é enorme e intensa, quase que insuportável na primeira hora. Por isso tome cuidado com os ferrões, mas fique despreocupado com a agressividade da bargada.

Os enormes barbilhões ajudam a bargada a identificar o ambiente e os alimentos