Liberação do uso dos pesticidas nas lavouras acaba preocupando produtores de pescado e ambientalistas
Por Lielson Tiozzo
O Governo Federal em seus primeiros 120 dias de gestão liberou o uso de 166 agrotóxicos. Uma média de três a cada dois dias. Deste total, 49 foram classificados como “extremamente tóxicos” e outros 24 como “altamente tóxicos”. O uso destas substâncias na lavoura preocupa ambientalistas e criadores de peixes. O contato dos pesticidas com água dos rios, seja por conta das chuvas, ou por derramamentos acidentais, é fatal.
Em fevereiro, o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) comunicou ter encontrado 50 toneladas de peixes mortos no Rio Piquiri. Após as análises da água e exames toxicológicos, técnicos chegaram à conclusão que a mortandade se deu pelo despejo irregular de agrotóxicos. Depois de um mês, o rio foi liberado para a pesca.
Já em meados de abril, outro caso de grande mortandade se deu no Rio Tietê. A água mudou de cor repentinamente e 40 toneladas de tilápia de um criador morreram. O prejuízo ultrapassou a cifra de R$ 1 milhão.
“Provavelmente este incidente foi causado por algum derramamento tóxico na água”, comentou o coordenador do grupo SOS Nosso Tietê, Wagner Casadei.
A liberação de agrotóxicos vai na contramão do que entidades como a OEHAA (Avaliação de Perigo de Saúde Ambiental numa tradução livre) da Califórnia (EUA) recomendam. Em seus estudos a entidade cita que elementos despejados na água como mercúrio colocam em risco a saúde de quem consumir os peixes dos locais contaminados.
Por conta disso, entidades pesqueiras cogitaram processar o presidente dos EUA, Donald Trump. Em março de 2018 havia a possibilidade da liberação do uso de agrotóxicos próxima de uma área de produção de salmões. Ainda há uma disputa entre aquicultores e agricultores sobre o tema.
Já na Europa, em 2018, a Espanha advertiu os agricultores. A contaminação por agrotóxicos nas águas do país rendeu prejuízo de US$ 1 bilhão e afetou o emprego dos produtores de salmões.