Qual escolher? Aprenda a encontrar o modelo que reúna as características mais indicadas para a sua pescaria favorita
Como escolher a carretilha certa? Antes de responder qualquer pergunta sobre carretilha é preciso compreender as diferenças entre os modelos e suas características.
A primeira delas é o sistema de frenagem de arremessos, que é provavelmente um dos mais críticos de uma carretilha. Porque influencia diretamente na performance de um lançamento.
Podemos separar os sistemas de frenagem de arremesso em dois grupos: centrífugos e magnéticos.
Eficácia da força centrífuga
O sistema centrífugo de frenagem é composto por:
– Conjunto de dois ou mais eixos secundários fixos perpendicularmente (ângulo de 90 ºC) no eixo principal do carretel;
– Buchas de atrito que deslizam para a extremidade de cada um desses eixos secundários. Elas podem ser confeccionadas em náilon, carbono ou outro material;
– Receptáculo cilíndrico fixo “na tampa da carretilha” (normalmente confeccionado em metal, como bronze ou latão) que serve como limitador para as buchas;
Quando arremessamos, a força centrífuga gerada pelo giro do carretel empurra as buchas para a extremidade dos eixos secundários. O atrito delas com o receptáculo de latão, que está na tampa da carretilha, ajuda a desacelerar o carretel de linha de maneira progressiva.
Nos modelos mais novos podemos regular a intensidade da ação deste sistema, acionando ou desativando essas buchas de atrito. Vale salientar que podemos obter o mesmo resultado retirando ou adicionando buchas. Apesar de ser um dos sistemas mais básicos é extremamente eficiente.
Contudo, uma vez que o sistema centrífugo depende da força gerada pela velocidade do giro do carretel para ser acionado, ele perde eficiência à medida que a isca desacelera. Isto o faz um sistema de frenagem irregular – mais eficaz no começo do arremesso do que no final.
Por este motivo, o sistema centrífugo nas carretilhas é indicado para pescarias que exigem arremessos de artificiais mais pesadas. Como grandes shads para as garoupas, plugs maiores de corpo rígido tipo zara e hélice para a pesca de grandes tucunarés. Também é o ideal para as iscas naturais pesadas, normalmente usadas na pesca dos grandes dourados ou peixes de couro.
Outra finalidade é o lançamento mais longo. Por ser um mecanismo de frenagem que perde a eficácia ao longo do arremesso e à medida que a isca desacelera, é mais indicado para modalidades em que é necessário cobrir mais água. Como no uso de iscas de barbela longa (deep cranking) para os “escolados basses” ou no uso dos spinner baits e buzz baits para as vorazes traíras.
É considerado certeiro para técnicas de pinchos mais curtos, como flipping, pitching e skipping. Por ter um mecanismo mais eficaz no começo do arremesso, ajuda a controlar a precisão. No final do arremesso, momento que vai perdendo eficiência, libera a saída de linha com uma apresentação mais natural.
Também é interessante para pescarias que não dependem tanto de arremessos, como corrico, rodada e de espera.
Poder do campo magnético
O sistema de freio magnético é um dos mais elaborados e exerce uma frenagem mais precisa e constante. Ele é composto por:
– Cilindro (ou tambor) de metal ferroso fixo na parede exterior ou na extremidade do eixo do carretel de linha;
– Receptáculo cilíndrico fixo “na tampa da carretilha” formado por um conjunto de dois anéis (ou dois semi-círculos em formato de “meia lua”), confeccionados em material imantado;
– Sistema de regulagem que gradativamente aproxima ou afasta dos imãs. Isto aumenta ou diminui a força desse campo magnético sobre o cilindro de metal ferroso fixo na parede exterior do carretel;
No arremesso a força magnética gerada entre os dois anéis de imã exerce atração sobre o cilindro de metal ferroso, que gira entre os anéis e dentro do campo magnético formado por eles, brecando de maneira contínua e constante o carretel de linha.
Por este motivo, o sistema magnético nas carretilhas é ideal para pinchos de precisão na pesca do robalo e de iscas mais leves (pequenos spinners e plugs) para espécies de menor porte, como tilápias, saicangas ou outros predadores que, em função de quaisquer variáveis, estejam atacando iscas menores (pequenos jigs ou barbelas).
Outra situação na qual o freio magnético funciona muito bem é nos lançamentos em condições de vento. Em função da frenagem precisa e linear durante todo o arremesso, este sistema é mais eficiente em condições adversas de vento. Quando, após o primeiro momento do pincho, a isca é freada de forma abrupta pelo vento e perde inércia, a constância do freio magnético ajuda a desacelerar o carretel e diminuir a incidência de cabeleiras.
Forma
Em função do desenho e da ergonomia existe um consenso de que as carretilhas de perfil baixo são mais indicadas para o arremesso de artificiais. E as de perfil redondo para a pesca com iscas naturais.
A verdade é que atualmente ambos os modelos apresentam características mecânicas similares e podem ser usadas nessas duas categorias.
Perfil Baixo (low profile)
Por causa do desenho apresenta o centro de gravidade mais baixo. Isto faz com que o eixo central do carretel fique próximo do fixador da vara (reel seat). Isso ajuda a melhor empunhadura do conjunto, proporcionando mais conforto ao pescador.
Normalmente as carretilhas de perfil baixo são mais compactas e leves. Portanto, mais indicadas para a pesca e arremesso de iscas artificiais na pesca de espécies como o robalo, o tucunaré e o black bass. Estas são pescarias em que o pescador enfrenta uma maratona de arremessos durante a jornada de pesca.
Perfil Redondo (round body)
Por manter o eixo do carretel mais distante do fixador da vara, acomoda um carretel de maior diâmetro. Isto permite mais capacidade de linha. É indicado para peixes de maior porte ou categorias de pesca que exigem mais quantidade de linha.
A maioria das carretilhas de perfil redondo de boa qualidade tem chassis (frame) feito em peça única de alumínio ou em aço inoxidável estampado. Esta característica garante maior rigidez e integridade ao conjunto, indicada para categorias de pesca mais pesadas e que, naturalmente, exigem mais dos equipamentos. Por exemplo, a pesca das garoupas, olhetes e olhos de boi em água salgada. Ou dos grandes jaús, pintados e pirararas em água doce.
A vez da velocidade
A relação ou velocidade de recolhimento indica a quantidade de voltas que o carretel realiza em uma volta de manivela. Vale lembrar que, quanto maior a velocidade de uma carretilha, menor é o torque. Portanto, a ideia de que “quanto mais rápida, melhor ela é”, não se aplica a todas as técnicas e situações.
Os modelos de baixa velocidade (5:1 ou menor) são ideais para técnicas que exigem velocidade constante na hora de trabalhar as iscas. Um bom exemplo é o plug de barbela longa para espécies como o black bass e a traíra em água doce, ou badejos na água salgada. O maior poder de tração desses modelos os tornam a escolha certa para pesca de espécies de grande porte, como os peixes de couro de água doce ou os de bicos oceânicos.
Já os modelos de média velocidade (de 5,5:1 a 6,5:1) são apropriados para técnicas que exigem maior variação de velocidade, tanto no momento de trabalhar as iscas quanto na hora da fisgada e da briga com o peixe. Estes modelos, provavelmente, são os mais usuais e amplamente utilizados em diversas categorias de pesca, como a dos tucunarés, robalos e basses com a maioria dos modelos de artificiais.
As carretilhas de alta velocidade (próxima ou maior a 7:1) são indicadas para pescarias que exigem maior velocidade de recolhimento na hora de trabalhar as iscas, como plugs de barbela curta, twitching baits (plugs sem barbela) e spinner baits.
Elas ajudam em técnicas específicas em que o pescador precisa de ferradas muito rápidas ou deslocamento de grandes quantidades de linha, como na pesca com carolina rig, deep jigging e rãs de borracha (frogs) para o bass, iscas de superfície como os sticks e jerkbaits para os robalos e tucunarés ou, ainda, em pescarias em que é preciso compensar a velocidade da água, como na pesca de matrinxãs em corredeiras.