Existem argumentos favoráveis e contrários. Todos podem ter sua razão. Mas alguns são mentirosos e inconcebíveis no meio da pesca
Por Lielson Tiozzo
O pesque e solte é sempre tema de debates. De um lado, pescadores entendem que este é um hábito sustentável. Vai garantir o futuro e ainda preservar o meio ambiente. Do outro, existe o argumento de que o peixe não sobrevive. E que também a pescaria serve para “alimentar”, antes de ser apenas um meio de entretenimento. Quem tem razão?
A seguir enumeramos verdades e mentiras que são ditas/escritas por aí sobre o pesque e solte.
“Pesque e solte é uma tendência global”
VERDADE – No Brasil, governos estaduais estão se mobilizando por meio de Leis para incentivar o mínimo transporte possível de peixes. Projetos são aprovados, outros alterados e outros, por ora rejeitados. Mas existe um caminho para a conscientização. Isto porque a tendência vem de vários cantos do mundo. Na Argentina, províncias como Corrientes e Entre Ríos veem o enorme sucesso para o turismo da pesca ao incentivarem o pesque e solte do dourado. No sul do país vizinho a truta é protegida. Nos Estados Unidos também existe o incentivo em diversos estados. O mesmo se dá na Espanha, na América Central e também em points da África e da Oceania.
“Pesque e solte é coisa de rico”
MENTIRA – O que tem a ver a condição financeira de uma pessoa com a preocupação com o meio ambiente? Quem abate o peixe para consumo próprio porque está com fome tem seu direito assegurado. Quem pesca e respeita a cota, também. A prática se dá desde os anos 1930, oriunda dos Estados Unidos, a fim de preservar estoques pesqueiros. É questão de consciência e de educação.
“Não solto porque o peixe morre”
MENTIRA – Existem diversos relatos de peixes que foram pescados mais de uma vez e em locais distintos. No site da Pesca & Companhia existem dois exemplos curiosos. Um com atuns (clique aqui) e outro com tucunaré (clique aqui). Ou seja, não é verdade que o peixe morre quando solto.
“Pesque e solte mal feito mata o peixe”
VERDADE – Apesar dos relatos sobre a recaptura dos peixes, é claro que se a prática for mal feita e o pescador abusar, o animal pode morrer. Afinal de contas, o peixe precisa de muito cuidado, uma vez que foi exposto e se desgastou no embate com o pescador. Existem boas regras para praticar o pesque e solte corretamente (clique aqui).
“Só quem pesca com isca artificial faz pesque e solte”
MENTIRA – Não existe consenso na ciência se os peixes sentem ou não dor. Mas pouco importa se foi usado um anzol com isca natural ou a isca artificial recém lançada no mercado. O pesque e solte pode ser feito por qualquer pescador, experiente ou iniciante. A relação do emprego de isca artificial com a soltura dos peixes é equivocada.
“Todo pescador esportivo é incentivador do pesque e solte”
VERDADE – Se alguém se rotula pescador esportivo, mas na prática leva todos os peixes para casa, existe uma contradição. Um dos pilares da pesca como esporte é o respeito ao “oponente”. Ou seja, a soltura deve ser feita de maneira cuidadosa e, caso seja feito o consumo, precisa ser dentro das limitações. O bom pescador esportivo volta para casa com boas histórias na memória e lindas fotos dos peixões.