Encontrado nas Bacia Amazônica e Araguaia/ Tocantins, este peixe único e mundialmente famoso é capaz de proporcionar pescarias incríveis

Por Alexandre Dick

Com escamas enormes que formam uma espécie de mosaico, corpo comprido e largo de formato peculiar, o aruanã é um peixe admirado no mundo dos aquaristas por sua beleza.

Ao contrário da maioria dos peixes, tanto suas nadadeiras dorsais como anais são grandes e quase que se emendam a nadadeira caudal, remetendo ao formato do pirarucu.

Além disso, possui uma boca enorme voltada para cima, que quando aberta chega a quase 140º graus de abertura, que lhe permite abocanhar os mais diversos tipos de alimentos.

De hábito carnívoro, estão em seu cardápio insetos e peixes que ficam próximos à superfície, que são localizados por seus dois barbilhões sob o queixo. Estes “bigodes” tem a função de ser um “radar de alimentos”.

Apelidado de “macaco d’água”, geralmente caça na superfície e pode saltar para alcançar insetos e pequenas aves que estejam em galhos mais baixos.

Pertencem a família Osteoglossinae, que deriva do grego Osteoglossum e significa língua óssea, e conseguem captar o oxigênio fora da água

A pescaria

Para fisgar a espécie é preciso atenção redobrada, pois é um dos raros peixes no qual é difícil saber em que momento vai aparecer.

Quando se pesca tucunaré, por exemplo, se encontramos uma estrutura como um tronco caído, você já fica na expectativa de que a qualquer momento o bruto vai atacar a isca.

Com a espécie isso não acontece, e quando acontece é rápido, ou seja, só dá tempo de você jogar a isca onde acha que ela está, e conforme for a reação de seguir ou não o engodo, você sabe de que peixe se trata.

Normalmente lentos e desconfiados, os aruanãs levantam ondas ao seguir a sua presa e costumam pegar a isca na paradinha. É preciso manter a calma e continuar o trabalho de maneira correta.

Gosto da tática de o peixe “atropelar a isca”. Chamo assim o trabalho de “zarar” e quando o exemplar começa a seguir, levantando a onda citada anteriormente, parar totalmente a artificial.

Muitas vezes o peixe chega sob a isca e não ataca. Nesta hora, quando paramos, a gente consegue de certa forma confundir o adversário, fazendo com que ele a ataque.

Lembro os amigos leitores, que isto não é uma regra absoluta e que cada qual vai se adaptar de uma forma. Apenas é um relato do que para a gente, esta forma nos rendeu algumas capturas.

Um detalhe curioso e que aprendi com os guias de pesca regionais, é de que normalmente nos dias posteriores a uma noite de chuva, ou mesmo depois de uma pancada boa, os aruanãs ficam mais ativos.

Isso se deve ao fato de muitos insetos caírem das árvores e os peixes ficam alvoroçados para comer. Claro, além da conhecida oxigenação de água que também favorece a busca pela superfície.

Após fisgados, os aruanãs rendem uma excelente batalha, já que saem rápido na superfície e contorcem todo o corpo para se soltar das garateias, além dos constantes saltos.

Onde encontrar

Em praticamente todos os destinos amazônicos é possível encontrar os aruanãs enquanto pescamos tucunarés, porém não são tão abundantes.

Alguns locais em especial costumam abrigar as maiores, como os afluentes do Rio Madeira.

Nessas regiões, para mim, as ressacas são os melhores pontos para capturar a espécie.

Para quem não sabe, esses pontos também são chamados de lagoa franca, que nada mais são do que lagos ligados diretamente ao leito do rio principal, sem precisar das varações em meio ao igapó ou igarapé.

Estes quase sempre são os melhores pontos para se encontrar peixes grandes, talvez pela facilidade de acesso de peixes forrageiros, que acabam se tornando presa fácil.

Lugares com vegetação em que a água alta invadiu e formam alguns corredores também são excelentes.

Com um pouco de observação é possível fazer essa pescaria divertida com um peixe mítico e que rende épicas batalhas. Não a toa, tão cobiçado por aquaristas do mundo todo, tanto pela sua voracidade quanto por sua beleza.

Equipamento
Varas: de 6’ a 6’3” indicadas para linhas de 17 ou 20 lb
Carretilhas: de perfil baixo e recolhimento rápido, abastecidas com linha de multifilamento 40 lb e líder de monofilamento de 0.52 mm.
Iscas: as mais utilizadas foram zaras com rattling estridente e 11 cm, e popper com de 9 cm. As cores mais eficientes foram as brancas.