Por muito tempo, pesquisadores acreditavam que peixes são incapazes de sentir dor, mas novos estudos sugerem o contrário
Por Alex Koike
Ao estar diante de uma situação que oferece riscos à saúde ou à segurança do corpo, a dor aparece. Por isso reagimos a um corte, uma pancada ou quando encostamos em uma superfície quente.
Ela é um estímulo causado a partir do envio de mensagens de terminações nervosas espalhadas pelo corpo para alertar algo errado com o nosso organismo.
Há algum tempo, a comunidade científica sabe que mamíferos e aves sentem dor, mas, quando o assunto são os peixes, a resposta divide opiniões.
Por muito tempo, houve o consenso de que peixes não possuem terminações nervosas o suficiente para que estímulos se transformassem em dor. Porém, relatos mais recentes sugerem uma visão diferente.
De acordo com novas evidências científicas, é possível que os peixes sejam capazes de sentir dor. Além disso, ela teria influência direta sobre o comportamento dos animais.
O que era falado…
Os cientistas acreditavam que o número de terminações nervosas não seria suficiente para captar estímulos que causam dor. Ou ainda, que esses animais não possuem cérebros complexos o suficiente para gerar uma experiência subjetiva de dor.
Dessa forma, eles estariam ao lado de répteis e anfíbios, outros vertebrados que não sentem dor.
Um estudo realizado nos Estados Unidos foi publicado na revista científica Fish and Fisheries, com teses defendendo a incapacidade desses animais em sentirem dor.
Segundo os dados apresentados, mesmo quando fisgados, se debatendo e tentando escapar durante a pescaria, não haveria dor.
Essa seria apenas uma resposta natural e inconsciente ao processo de captura.
O que mudou?
Novos estudos passaram a defender o contrário. Segundo a Dra. Lynne Sneddon, da Universidade de Edimburgo (Escócia), algumas espécies exibem mudanças na fisiologia e no comportamento diante de substâncias nocivas.
A partir dessa observação um grupo de pesquisadores passou a fazer novos testes no sistema nervoso desses bichos.
Os resultados demonstraram que as trutas possuem 58 receptores no cérebro e entre os diferentes estímulos que esses receptores respondem, estão os de ordem, mecânica, térmica e química.
Ainda que algumas dessas reações não sejam suficientes para comprovar dor, elas somaram-se a outras informações.
Uma delas é a mudança de comportamento, um bom indicativo de que os peixes sentem dor. Geralmente, qualquer mudança na rotina dos animais pode indicar a existência de algum problema.
Entre as mudanças mais simples estão nado irregular, falta de apetite, prostração, busca de ar na superfície e esfregamento em pedras ou outras áreas.
Além disso, quaisquer mudança de aparência, como a presença de manchas, também pode indicar alguma irregularidade na saúde do animal.