Pescar no período noturno com iscas artificiais pode ser uma experiência fascinante. Pepe Mélega encarou esse desafio e conta tudo que você precisa saber para se dar bem
Era pouco mais das 21h. Eu e meu companheiro de pescarias Alfio Moreira estávamos embarcando em um bassboat na companhia de Bruno Oliveira, guia na região de Santos, Guarujá e Bertioga, para uma pescaria noturna de robalo junto aos cais do porto de Santos.
É difícil explicar como se pode pescar com iscas artificias usando plugs de superfície e meia- água à noite. Afinal, se trata de uma pescaria em que o apelo visual é fundamental. No entanto, esse é o grande segredo: visualizar a cena e saber arremessar para trabalhar a isca onde o robalo ataca.
E onde ele ataca? A resposta é simples: onde há luz. Na escuridão da noite ele é atraído pelas luzes que iluminam a incessante atividade portuária. Então, são esses pontos que precisam ser identificados.
Seguindo a luz
No começo é necessário se acostumar. Bruno ensinou-me que o lançamento deve atingir uma parte escura para chegar até onde está a luz com a isca trabalhando. Ele também recomenda que o primeiro arremesso seja seguido por um recolhimento rápido e contínuo.
Portanto, é neste momento em que pode haver a surpresa de um ataque instantâneo a sua isca. Se a primeira tática não funcionar, é hora do trabalho tradicional feito com plugs na pesca do robalo. Ele deve ser mais lento e catimbado. Então, empregue paradinhas, mas não tão lento quanto nos dias claros.
A noite não é necessário um trabalho de muita provocação. O robalo boêmio não perde muito tempo em tomar a decisão. Observar é um segredo também. Pontos onde você colocaria suas iscas durante o dia permanecem promissores se há uma luz por perto. É lá que os robalos ficam à espreita. Só que se deve trabalhar sempre a isca no sentido da luz. Ela é a sua “ceva” e sua guia nessa atividade noturna.
Um trabalho adequado resulta num ataque, mas não espere por algo prateado para pegar sua isca e sim uma sombra negra que surge inesperadamente e abocanha sem perdão seu engodo. Detalhe importante; refuga menos que durante o dia!
Equipamentos recomendados
Recomendo dois conjuntos. Um entre 5’3” a 5’6” para molinete e/ou carretilha, dependendo de sua preferência para usar com plug em arremessos mais precisos. (Pessoalmente, uso caniços para até 12 ou 14 lb e linha multifilamento fina para facilitar nos lançamentos, algo como 0,23mm com um líder de monofilamento de 50 lb de no máximo um metro).
Já no outro conjunto recomendo o uso de molinete em um caniço mais longo de 6’2” a 6’6”, com resistência de 14 a 17 lb para usar com iscas de fundo tipo camarões Mareá e shads diversos. A linha pode ser a mesma multifilamento com um líder mais grosso nesse caso. Uso 70 lb, pois estamos mais próximos de obstáculos cortantes do que quando trabalhamos junto da superfície ou meia- água.
Ter um terceiro conjunto na pesca com plugs também pode ser interessante. Não há necessidade de rebocar o peixe quando fisgado, mas sim de ficar atento e com uma boa regulagem de fricção de freio. É muito importante, também, que o guia ou quem manobra o motor elétrico evite as proximidades do píer, locais onde pode ocorrer uma ruptura da linha.
Vale a pena?
Achei ótima essa experiência de pescar robalos à noite em Santos, mesmo não sendo a primeira delas, pois já tive oportunidades de pescar junto ao atracadouro das balsas em Cananéia (SP) e na Flórida (EUA).
Trata-se de uma pescaria diferente, instigante e principalmente produtiva. Recomendo a todos que a experimentem, pois a diversão é garantida. Mas quando for pescar à noite, lembre-se sempre de não beber, pois sua segurança vem em primeiro lugar.