Pintado e pacu seguiriam vulneráveis mesmo com cota zero em MS

Cachara e piavuçu também encabeçam a lista de espécies mais capturadas pela pesca profissional e pela amadora no Estado

Por Lielson Tiozzo

O pintado, a cachara, o pacu e o piavuçu ficariam vulneráveis em Mato Grosso do Sul, mesmo com uma possível cota zero do pescado. Juntas estas espécies representam 77% do total de capturas da pesca profissional e 57% da amadora, de acordo com o último levantamento divulgado pelo Imasul em 2016.

A cota zero serviria para barrar o transporte de peixes por parte de amadores. Enquanto que profissionais deveriam se adequar a uma “política de sustentabilidade”.

Mas ainda não há maiores detalhes sobre como será implementada a cota zero do pescado prometida pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB). Por enquanto, apenas o dourado é totalmente protegido, incluindo o comércio, o que atinge a pesca profissional.

No entanto, a espécie faz parte de um grupo de menor grau de registros de captura do IMASUL. A Embrapa Pantanal e a Polícia Ambiental já haviam sugerido que a espécie não corria riscos, a ponto de uma proibição da pesca.

Mas há uma explicação que facilita a implementação de uma medida cota zero para o dourado. E não para outras espécies do chamado “Grupo 1”, as quais tem um claro apelo comercial. Somando a quantidade das capturas de profissionais e de amadores, para se ter uma ideia, em 2016 foram registrados 6,4 toneladas de desembarques de dourados. Enquanto isso, o pacu teve computado 52 toneladas, a cachara 69 toneladas e o pintado 80 toneladas. Todas com possibilidade de crescimentos nos anos seguintes.

Caso uma medida similar ao do dourado seja implementada para as espécies do “Grupo 1”, o impacto na pesca profissional seria imediatamente sentido. Mas o governador Azambuja deu a entender que pretende mudar a perspectiva de trabalho do profissional e do ribeirinho.

“Sabemos que há muitas irregularidades e quem é realmente pescador profissional está sendo explorado, vivendo sob pressão. Esse pescador profissional pode trabalhar como guia de pesca, ter uma renda digna”, diz.

Cada pescador profissional tem assegurada uma cota de 400 kg de pescados por mês. No entanto, não se sabe se com o provável decreto de Azambuja esta quantidade será mantida.

O pintado é muito apreciado pelos pescadores por possuir uma carne saborosa. Mas será que o estoque nos rios brasileiros aguenta a pressão de pesca?

Paraguai de amadores; Miranda de profissionais

Ao estabelecer a cota zero para amadores, Mato Grosso do Sul pode aliviar os peixes do Rio Paraguai – o mais visitado por eles. Das 174 toneladas de peixes abatidas em 2016 (que se tem registrado), 121 toneladas foram oriundas dos amadores. O caminho inverso se dá no Rio Miranda, onde das 134 toneladas, 89 foram de profissionais.

No total, em 2016, das 378 toneladas de peixes abatidos na Bacia do Alto Paraguai, amadores e profissionais praticamente dividiram a quantidade: 49,47% x 50,52% respectivamente.

O número de pescadores profissionais registrados pelo IMASUL em 2016 era próximo de 4 mil. De acordo com o Boletim, os maiores picos de registro se dão sempre na véspera do período de proibição da pesca, em outubro. Vale lembrar que durante os quatro meses de piracema o pescador registrado como profissional tem direito a receber o “seguro-defeso”. O benefício é equivalente a um salário mínimo por mês de inatividade pesqueira.