Saiba como a espécie se comporta e o que fazer para fisgá-la em cada situação
Quando fazemos uma boa pescaria de trairão, não é somente o peixe que acaba fisgado. Mas também o pescador também.
A espécie tem predileção por águas mais rasas e gosta dos espraiados. Das galhadas (onde ficam escondidos nas sombras de galhos e troncos). Ficam nas saliências rochosas, tanto em águas paradas e corredeiras como em locais com vegetação aquática. Gostam de permanecer atolados na lama para se camuflarem.
Como ele se comporta
Sua estratégia de caça é o fator surpresa. Pois a sua grande cauda e nadadeiras foram adaptadas para ataques rápidos e precisos.
Já o campo de ataque dos trairões não é grande. Na maioria das vezes é de um metro e raramente passa de dois metros de distância. Porque eles sabem perfeitamente de sua capacidade. E não gostam de desperdiçar energias com investidas infrutíferas.
A perseguição atrás da isca raramente ultrapassa cinco metros de distância. E, quando terminada, voltam para o local de origem para “tocaiar” novamente.
Mesmo quando estão em cardumes, não usam esse fator para a estratégia de caça. Diferente de outros peixes como dourados e tucunarés.
Quando o ataque não acontece de imediatos, vale insistir no ponto, com iscas de superfície barulhentas. O som de algo se debatendo na superfície é quase irresistível. Por isso, vários arremessos devem ser feitos no local. Muitas vezes quando estamos pescando outros peixes como os tucunarés, os trairões aparecem atraídos pelo movimento do animal capturado.
Vale ressaltar que a espécie é ruim de pontaria e erram demais os ataques às artificiais.
O que usar?
A espécie ataca com muita frequência os modelos de superfície de 9 a 14 cm. Mas existem dias que eles preferem as isca de meia-água, neste caso, o ideal são plugs de 8 a 15 cm com garateias reforçadas. Os bichos são ignorantes. Para evitar as perdas é aconselhável usar um pequeno empate de aço.
Quanto à coloração das artificiais, os trairões normalmente são atraídos muito mais pelo trabalho da isca do que por sua cor. Já que eles atacam qualquer tom.
Quanto às varas, o ideal é utilizar as indicadas para linhas de 20 ou 25 lb, de 5’6″ até 6’6” de comprimento.
Quem gosta de administrar a briga pode optar pelos caniços de 20 lb, mas quem gosta de medir força, deve escolher o modelo mais reforçado.
Como o “bicho” é ignorante e forte, a linha pode ser uma multifilamento de 30 a 55 lb de resistência, com um líder de 45 a 60 lb.
Espraiados
Os trairões gostam de ficar nos espraiados, mas pela manhã costumam ser preguiçosos, pois é o período do dia em que a água está mais fria, diminuindo o seu metabolismo.
Por isso, são necessários vários arremessos para “acordar” o bicho em seu “banho de sol”. Quando o dia esquenta, no período da tarde com o sol a pino e temperatura de água mais quente, costumam ficar do lado do barranco que tem sombra no espraiado, usando-a como camuflagem. Muitas vezes ficam meio enterrados e a sujeira levantada acaba sendo depositada nas suas costas, tornando a visualização bastante difícil.
Galhadas
São sempre um ponto tradicional, pois são nelas que os peixes se escondem para sorrateiramente atacarem suas presas.
As galhadas também são refúgio de pequenos peixes que se abrigam de outros predadores, tornando-se um ponto bastante estratégico de caça. Se as galhadas se situarem na boca de uma baía ou em um córrego, pode contar que os peixes vão estar lá escondidos. Se as galhadas estiverem em fundo de baía, também devem ser exploradas.
Outro ponto interessante são pequenas entradas que quase todo rio possui. Essas reentrâncias nas margens nunca devem ser desprezadas, principalmente se tiverem uma galhadinha submersa.
Pedreiras e corredeiras
Nestes pontos, os trairões ficam escondidos nas partes mais rasas, nas locas e reentrâncias das pedras. Aqui, é sempre bom estar com um empate de aço, pois eles fatalmente vão tentar voltar para o seu esconderijo, e a linha pode ser rompida nas pedras.
Vegetação submersa
Este é um local que os trairões adoram, por ficarem praticamente invisíveis. Eles se ajeitam no meio da vegetação, só com os olhos descobertos e surgem do nada para atacar nossas iscas.
Se a água estiver limpa, o pescador tem que ficar ligado, pois é comum ver os peixes se deslocando de um local para outro denunciando sua presença. Fique atento, porque, quando fisgado, fatalmente o trairão vai tentar se embrenhar na vegetação, e a chance de escapar é muito grande.