Existem alguns critérios que devem ser observados para ter sucesso na beira d’água
Por Vladimir Ferreira
Entre os aspectos mais importantes que podem fazer a diferença na pesca de praia, dois eu considero de extrema relevância: a orla e o fundo de nossas praias. Elas estão em constantes mudanças, criando algumas estruturas naturais que variam a cada estação do ano, mês, semana e até mesmo de um dia para outro. Estas são provocadas principalmente por alguns efeitos naturais. Entre elas, mudança nas condições climáticas, ressacas, correnteza lateral e mudança de fase lunar.
Quais são essas estruturas?
São elas: os canais paralelos, de retorno e as bacias. Para localizá-los, recomendo que se faça ainda com a maré baixa. Pois serão durante esses intervalos do dia que o mar pode revelar os seus segredos, próximos à linha da água.
Com certeza será nas praias com mais formação de ondas e arrebentações que encontraremos as melhores condições para essa pescaria.
Para a identificação dos canais paralelos, é importante observar durante algum tempo as ondas e as suas arrebentações. Normalmente as ondas se formam a uma determinada distância da praia; então devemos ficar observando o seu deslocamento.
Inicialmente, elas irão se formar e percorrer durante algum tempo até que se quebrem (arrebentação). Isto geralmente ocorre quando elas se chocam contra a parede de um banco de areia, deixando de ser lisas, transformando-se em um turbilhão de espumas.
Será a partir desse ponto que devemos fixar ainda mais a nossa visão sobre elas. Depois de percorrerem mais um espaço vão rapidamente perdendo essa espuma, formando uma nova crista lisa. Tal situação significa que neste ponto o banco de areia deixou de existir. É o começo do canal e novamente tudo isso irá se repetir, ocorrendo o que chamamos de canal paralelo.
Uma praia pode ter um, dois, três e até mais canais. Serão neles que devemos explorar os nossos arremessos, pois ali existe a probabilidade de serem encontrados não só mais peixes, como também os maiores exemplares.
Rasas e tombo
Tanto nas praias rasas como nas de tombo, após cada arrebentação as ondas irão remexer o seu fundo. Isto desenterrará muitos tipos de sedimentos e pequenos seres. Estes serão levados para dentro dos canais, onde os cardumes de pequenos peixes se alimentam. Então, acabam se tornando presas de espécies maiores.
Nas praias de tombo, durante as marés cheias, um ótimo local para colocarmos os nossos anzóis será no primeiro canal. Este, mesmo sendo estreito, costuma ser bem fundo. Algumas espécies que frequentam este ponto são o robalo-flecha (centropomus undecimalis), robalo-peva (Centropomus paralelus) e as betaras ou papa-terra (Mentichirrus Litoralis).
Os canais de retorno são mais difíceis de serem identificados, mas também são uma excelente opção para nos posicionarmos.
No entanto, deve ser evitado, seja para entrar na água por meio deles. Seja também para pescar, seja para nadar pois. Porque, infelizmente, são nesses locais que ocorrem mais de 80% dos afogamentos nas praias.
Para identificá-los devemos observar que próximo à linha d’água as ondas se abrem, quebrando lateralmente e se mantendo lisas no centro. Isso leva, durante um determinado período, tais arrebentações a se dirigirem no sentido da praia. Isto acaba formando uma figura parecida com um triângulo.
Também, logo após a chegada à praia, se juntarem em um movimento giratório contrário, dando ocasião a que ambas se encontrem novamente no centro dessa abertura e retornem novamente em direção ao mar perpendicularmente à praia.
Inicialmente ela não é uma faixa muito larga. Porém depois se abre, ocorrendo o que, na linguagem de especialistas, é chamado de “cabeça”.
Esses locais devem ser frequentados com muita preocupação, atenção e cuidados. Como escrevi acima, mesmo sendo lugares perigosos e impróprios para banho, continuam sendo uma ótima opção para se pescar.