Paraguaios acusam a Polícia Federal de ter quebrado a soberania do país ao intervir em manifestação no Rio Paraguai
Por Lielson Tiozzo
Um pescador paraguaio foi atingido por balas de borracha disparadas por agentes da Polícia Federal brasileira. O incidente se deu durante um protesto contra a cota zero do pescado em Mato Grosso do Sul. A manifestação envolveu pescadores profissionais e empresários do turismo de Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta, no Paraguai.
No vídeo divulgado pelo jornal ABC Color do Paraguai (assista abaixo), é possível ver diversas embarcações com bandeiras paraguaias bloqueando o tráfego no Rio Paraguai. A lancha da Polícia Federal se aproxima e visivelmente há intimidação. Um dos manifestantes se aproxima e acaba atingido pelos disparos. Não se sabe o motivo de os agentes terem levado uma bandeira paraguaia para a margem brasileira.
Os paraguaios alegam que houve quebra de soberania, uma vez que estariam em seu próprio território. Nas mesmas imagens é possível identificar uma lancha da Marinha paraguaia. Mas não houve animosidade entre as autoridades.
O pescador atingido, Denis Ramos, fez a denúncia aos meios de comunicação locais. Ele alega que 80% dos paraguaios de Carmelo Peralta dependem do turismo da pesca. E a cota zero “vai atrapalhar” a vinda de brasileiros. Como? Ainda que os pescados sejam capturados do lado paraguaio do rio, não poderiam ser transportados pelas rodovias brasileiras. Em caso de fiscalização, a lei ainda vigente permite 10 kg.
“Isto não está certo. É como se tivessem cortado a nossa estrada”, afirma Ramos. “Além do mais, o nosso protesto, mesmo com os brasileiros, era do lado paraguaio. Não podiam quebrar a soberania”, acusa.
A Pesca & Companhia apurou que para 2019 a cota zero pode ficar mais branda. Existe possibilidade do decreto ainda a ser assinado pelo governador Reinaldo Azumbuja (PSDB) permitir uma quantia de 5 kg para consumo local.
Ordem judicial
A Polícia Federal confirmou que usou balas de borracha para conter o protesto. A ação fazia parte uma ordem da Justiça Federal para desbloquear o Rio Paraguai. A PF informou também que contou com a colaboração das autoridades paraguaias para executar a operação.