O uso do rubber jig pode render boas capturas da espécie
Por Fábio Zurlini
A pescaria de traíra com iscas artificiais está cada dia mais difundida. No entanto, existem algumas regras e sugestões para que possa ser bem sucedida.
Quando as traíras estão mais “preguiçosas”, qualquer isca mais rápida não será atacada. Ela simplesmente vai passar pelo seu território sem ação do peixe. Nesta situação, o rubber jig, vem mostrando ser uma grande alternativa.
Seus movimentos de abrir e fechar as cerdas, bastante vivos e naturais, despertam o ataque do peixe. Some a essa ação um pouco de volume e um trabalho mais lento para que a traíra não resista.
Outras vantagens dessa isca é que ela pode ser utilizada tanto em águas profundas como em locais rasos e dentro de estruturas fechadas.
Quando pesco em lugares fundos, adiciono aos meus rubbers um trailer, que pode ser um grub, uma criatura ou até mesmo um shad. Isso vai ajudar a isca a ter maior volume, uma ação mais atraente e deixar os movimentos mais lentos e naturais.
Para trabalhar, arremesse a isca de modo que ela passe pela região funda, alternando pequenos toques com a ponta de vara leves arrastadas laterais.
A vibração, o volume da isca e seu movimento de abrir e fechar as cerdas despertam o ataque similar ao do bass. Porém, o bass costuma flutuar com essa isca na boca ou vir de encontro ao pescador. A traíra bate para matar a isca e logo a solta no local. Um ótimo treino para quem quiser pescar o bass nesta modalidade.
Pontos mais rasos
Os rubbers também podem ser usados em locais rasos, principalmente em bicos, baías rasas, e, principalmente, em locais com vegetação. Essa vegetação no inverno serve como uma estufa, mantendo a água mais quente sob ela.
Para explorar esses pontos, uma técnica muito empregada é o flipping. Com ele o pescador deve fazer os pinchos curtos com muita precisão, buscando os pequenos buracos na vegetação. É nessas aberturas que sua isca deve cair, para chamar a atenção do predador. O pescador que não conhece a isca pode estar se perguntando: “ela não vai enroscar?”.
Atualmente existem modelos para pescar dentro das estruturas, pois seu peso concentrado, formato e volume a fazem passar pelas estruturas ou pela vegetação com facilidade. Já o antienrosco, de modelos tipo Cobra e Arky, evita que ela fique presa.
Seu trabalho deve ser diferente de quando estamos pescando nos locais fundos. É lançar nas aberturas, deixar a isca bater no fundo, dar dois toques curtos e secos e esperar a pegada. Se ela não vier, o pescador pode tirar a isca da água e lançar em outro ponto.
Nesta situação, o predador atacará por instinto o vulto que vai passar ao seu lado, como se um intruso estivesse entrando em seu território. A pescaria é eletrizante, pela rapidez das ações. O ataque, geralmente rápido, dá pouco tempo para o pescador ter uma reação.
Trailer
Eu diria que esta é uma peça fundamental. Um rubber sem trailer não tem vida alguma. É ele que fará a sua isca ter vida e nadar corretamente.
Recentemente, passei a usar os shads, por causa do seu formato parecido com a de um peixe. A cauda desse tipo de isca imprime uma supermovimentação na caída, além de frear a caída da isca, proporcionando mais tempo para o predador atacar.
Apesar de as traíras destruírem os trailers com certa facilidade, é importante ressaltar que isso ajuda a proteger as saias de silicones de seus rubbers. Outra característica interessante é o fato de sua textura ser parecida com a de um peixe de verdade, o que auxilia na fisgada, pois o peixe fica com a isca na boca alguns segundos a mais.
Mesmo que as saias sejam danificadas, não se preocupe. O mais importante dessa isca é a cabeça, a ponta do anzol e o antienrosco. Se a saia estiver danificada, o pescador pode substituir, com os materiais e acessórios disponíveis para confecção de iscas de fly.
Assim, você poderá remontar seu rubber da cor de sua preferência, com mais ou menos volume, sem mencionar a boa terapia para aqueles dias em que o pescador não for pescar. Eu aprendi a fazer minhas iscas com o amigo Braga. Normalmente faço primeiramente os rubbers para o bass, mas, quando eles estão mais gastos, reformo para as traíras.
Equipamentos
Para praticar essa pescaria, uma carretilha de perfil baixo é o suficiente. A escolha da marca fica a critério de cada pescador. Eu gosto dos modelos da japonesa Shimano.
Já entre as varas para a modalidade, é preciso ser bastante criterioso. Caniços curtos não conseguem atender plenamente à técnica do pitching. Ela requer alavanca para o lançamento, a fisgada, e para tirar o peixe da estrutura. É importantíssimo ter uma vara comprida, de no mínimo 6´. O comum é usar materiais a partir dos 6´6´´.
No meu caso, utilizo varas Megabass Orochi X4 de 7´, classe pesada e ação rápida, justamente para tirar o peixe do meio da tranqueira. É preciso arrastar tudo: peixe e planta muito rápido. Isso, não pelo porte da traíra, mas pela situação de pesca.
Outro item fundamental é a linha de pesca. Nada de linha fina no meio da vegetação. A traíra é bruta, e no meio do mato dá muito trabalho. Costumo utilizar linhas de fluorcarbono com pouca elasticidade e muita sensibilidade.
A libragem mínima usada por mim é a de 12, sendo que a mais comumente utilizada é a de 16 lb, porque nos locais que frequento posso me deparar com peixes de bom porte, como é o caso das represas de Salesópolis e Paraibuna. Normalmente não uso empate, nem líder. Mas, se o pescador se sentir mais seguro, opte por algo em torno de 20 a 25 lb.