Confira as dicas e informações para tornar a pescaria nessa modalidade mais eficiente
Gustavo Adelino
A pescaria de corrico é uma das modalidades mais praticadas, seja em alto mar, seja próxima da costa.
Tal prática se resume em rebocar iscas naturais ou artificiais que atraem os predadores próximos da superfície, como cavalas, atuns, barracudas, dourados, sailfishes e outros.
Nas embarcações de até 26 pés, é possível corricar com no máximo seis linhas na água. Sendo que de duas a quatro é adequado ao iniciante, para evitar o enrosco entre as linhas.
O equipamento
Aqui, as carretilhas sem guias de linha são as mais usadas. Elas devem comportar no mínimo 300 m de mono ou
multifilamento de 0,50 a 0,60 mm (40 a 80 lb), resistência que é o suficiente para capturar a maioria de nossos peixes.
O ajuste correto do freio da carretilha (fricção) é vital para evitar que o peixe se solte ainda na fisgada.
Se a fricção estiver frouxa as garateias terão dificuldade para se fixar na boca do peixe.
Porém, se o freio estiver apertado demais, o anzol pode se abrir, além do risco de quebrar a linha.
Por isso, ajuste a fricção em 1/4 da resistência da linha. Ou seja, se esta for de 20 kg, o freio deverá estar em 5 kg. Isso pode ser aferido com uma balança de mão.
Linha e líder
As linhas de multifilamento são usadas com excelentes resultados. Abasteça cerca de 1/3 do carretel com a multi, fazendo antes uma “cama” de mono.
Para melhores resultados, coloque um líder de fluocarbono ou de náilon de 6 a 10 m. Isto camufla a multi e diminui a vibração causada da linha, que afasta os peixes da isca.
Para águas mais turvas e próximas da costa, bastam 6 m de líder. Agora, se for corricar em águas azuis ou bem mais claras, recomenda- se 10 m.
Atração fatal
As iscas mais modernas feitas de plástico ABS proporcionam excelentes resultados, especialmente pelo realismo e ação. Elas podem ser de superfície, de meia-água ou de profundidade.
Entretanto, as iscas naturais continuam sendo muito usadas, principalmente os farnangaios, muito usados para peixes de bico.
Para uma melhor performance recomendo artificiais com holográficos e brilhantes, pois são mais atrativas aos peixes do que as estragadas pelos ataques dos predadores com dentes afiados.
O uso de empate de aço deve ser evitado. Ele só é necessário quando houver peixes com forte dentição. Mesmo assim deve ter no máximo 15 a 20 cm.
Ao corricar com quatro linhas, deixe duas delas sem empate de aço, pois desse modo aumentará as chances de ataques e reduzirá as perdas de material.
Para prender a isca artificial (plugs/peixes) à linha use um snap, pequeno, mas resistentes e reforçado.
Já as varas para corrico normalmente têm tamanhos entre 1,60 m e 1,80 m indicada para linhas de 40 a 80 lb.
Acessórios
Um salva varas, cordinha para prender o material ao barco, evita a perda do conjunto em um eventual acidente.
Os outriggers são mecanismos apropriados para afastar as linhas da embarcação.
Nos barcos menores podem ser substituídos por suportes de varas com inclinação para fora da borda, em forma de “T” e com ângulo de 45º, os quais também ajudam a distanciar as linhas umas das outras.
Já os downriggers servem para deixar as iscas em profundidades maiores do que aquelas para as quais elas foram projetadas.
De modo simples, o aparelho é um carretel com um peso na ponta da sua linha/cabo, que, preso à linha de corrico, força a sua descida a profundidades maiores que 30 m.
Quando o peixe pega a isca, esse peso se desprende da linha da vara, liberando-a para que o pescador trabalhe.
Outro recurso para afundar a isca é o planner, uma peça de metal que fica entre a isca e a linha líder.
Distribuição das iscas
A disposição, a distância, a configuração das linhas na água e o tipo de iscas são fundamentais.
Vamos imaginar o corrico com quatro linhas. Nesse caso, deve-se colocar na água, em sequência, primeiramente as linhas das laterais , que ficarão mais distantes que as outras duas, em torno de 40 a 60 m da popa, e serão montadas com as iscas de meia água ou de superfície (lulas).
As duas varas do meio da embarcação deverão estar montadas com iscas de profundidade e ficarão mais perto, numa distância de 20 a 30 metros da popa do barco.
Na hora de recolher as linhas, também é fundamental que se observe a ordem inversa, com exceção da(s) vara(s) com peixe fisgado, que têm prioridade.
Primeiro recolha as linhas mais próximas do barco e depois as mais distantes. É importante a participação dos demais pescadores para “limpar a área” rapidamente.
Desta forma, o pescador que estiver com peixe na linha vai poder trabalhar com mais calma e liberdade o seu troféu.
Ainda, para evitar o enroscos
As curvas feitas pelo barco devem ser abertas, evitando que as linhas passem por cima umas das outras. Portanto, não se deve dar a volta em um ângulo muito fechado.
Embora os peixes sejam ativos durante todo o dia, os melhores horários vão das 5 h às 10 h e das 14 h às 16h, ocasião em que eles estão próximos da superfície.
Normalmente, no período das 10 h às 14 h os peixes afundam, por causa do sol forte.
A velocidade de corrico depende das condições de mar. Ela varia de 8 a 15 nós, sendo que 12 nós é uma velocidade média adequada para a maioria das espécies.
Quando o comandante ouvir o alarme da carretilhas, deverá manter a velocidade ou acelerar um pouco. Desta forma vai ajudar a confirmar a fisgada ou até permitir que outros peixes do cardume ataquem as demais iscas.
Onde praticar?
Ela pode ser feita próxima da costa até a beirada da plataforma continental.
Porém, os cardumes ficam mais perto de parcéis, de outras estruturas e até objetos flutuantes como troncos. Os peixes estão onde há estruturas para lhes dar abrigo.
Aumente a produtividade marcando no GPS todos os pontos em que houver ataques nas iscas. Assim, você consegue waypoints e, da próxima vez que for corricar, passe pelos pontos marcados, que são potenciais pesqueiros.