Materiais, incluindo um jig de pena, eram introduzidos numa pequena lata e possuía até instrução para quem nunca tivesse pescado na vida
Por Lielson Tiozzo
Um kit de pesca foi usado como item de sobrevivência por milhares de soldados estadunidenses durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Coube aos membros da então recém-criada IGFA proporem a inclusão numa pequena lata, com capacidade para pouco mais de 1 kg, alguns elementos para pescaria suficientes para 10 dias.
O fundador da IGFA, Michael Lerner, havia oferecido a ideia para a Marinha dos EUA. Existia uma preocupação com os soldados que ficassem à deriva no Oceano. Ou até mesmo em rios onde as tropas fossem enfrentar os inimigos.
Lerner e outros membros da entidade teriam passado meses testando nos lagos da Flórida quais seriam itens essenciais para que os combatentes pudessem pescar.
Em 1943, o alto comando da Marinha aprovou a proposta. A produção do kit de pesca ficou por conta da Ashaway Line & Twine Manufacturing, uma empresa que hoje se dedica exclusivamente ao tênis.
Foram incluídas iscas artificiais similares a um jig de pena empregado atualmente, outras iscas, linhadas de mão já montadas, anzóis e outros elementos capazes de dilacerar o pescado. Por motivos de locomoção, uma vara de pesca era dispensada. O soldado devia se preocupar com seu fuzil e outras armas.
Tudo era enrolado em um compartimento de pano. Havia instrução em papel à prova d’água para quem não tivesse qualquer familiaridade com a pesca. Especula-se que cada material seria capaz de suportar um peixe de 25 kg – o suficiente para alimentar diversos soldados.
A princípio os kits não seriam transportados individualmente pelos combatentes. Ficariam apenas à disposição em barcos salva-vidas, jangadas e encaixados nos coletes. Logo depois do sucesso entre marinheiros, os aviadores também solicitaram o kit de pesca. Os pilotos que conseguissem sobreviver uma queda, saltando com paraquedas e usando algum bote inflável, também teriam acesso ao material.
Os 3 mil primeiros kits esgotaram rapidamente. A IGFA e a Cruz Vermelha ficaram encarregadas de fazer a distribuição. Não há, no entanto, informações de quantos materiais foram entregues ao todo e se outros países aliados solicitaram este peculiar item de sobrevivência para seus soldados.