Espécie é valente e proporciona embates duríssimos com o pescador
Por Juninho
Costumo fazer minhas pescarias de piauçu no Rio Pardo, próximo de minha casa em Terra Roxa (SP).A espécie, por ser um leporinus, é parente da piapara e do piau, e tem em sua características morfológica de seus primos, o que lhe atribui muita força. Ele algumas pequenas variações no corpo com a nadadeira dorsal que está localizada na metade do corpo e a nadadeira adiposa é relativamente pequena, mas em perfeito equilíbrio com as demais, atribuindo menos velocidade e muito mais tração.
O Leporinus macrocephalus come quase de tudo, mas um de seus alimentos prediletos na natureza é o caranguejo. Por incrível que pareça, em um passado não muito distante, o peixe e o crustáceo não eram comuns nos rios Grande (entre as UHE Marimbondo e UHE Porto Colômbia) Pardo e Mogi. Porém, de uma década para cá, eles vem aparecendo. Na atualidade, os grandes cardumes e bons exemplares estão distribuídos em vários trechos do rio e em abundância, desafiando e dando muita alegria a quem se dispõe a enfrentá-los.
Como ser da bem
Como em toda pescaria, é necessário estudos preliminares e planejamento, além de dedicação. É importante aprender com o momento e dar continuidade ao que for aprendendo nas pescarias seguintes. Desta forma chega-se a beira da perfeição.
Na pescaria do piauçu não é diferente, a começar pela escolha dos anzóis. Eles devem ser reforçados e encastoados, duplos ou simples. Encastoar é algo fácil, que você mesmo pode fazer em casa e com simples ferramentas caseiras. Na internet existe muita informação e vídeos explicativos.
Outro detalhe muito importante é a ceva, que pode ser feita apenas com o milho cozido. Se o pescador preferir, pode incrementar ela com outros ingredientes. As iscas são as mais variadas possíveis, como próprio grão de milho, minhoca, moela de galinha, enfim o peixe come de tudo, mas sem dúvida o caranguejo é o melhor ao paladar do peixe. Ele sempre rende resultados surpreendentes e pode ser iscado inteiro, usando agulha e anzóis duplos, ou pela metade ou até mesmo ¼, com anzol simples.
A pescaria geralmente acontece com o barco fundeado e com a ceva fluindo pelos furos do cevador. Gosto de usar três varas, sendo uma longa no centro de 2,40 a 2,7 m em que a isca é arremessada ou solta com um copinho biodegradável cerca de 60 a 80 m abaixo do barco. Uma segunda de 1,80 a 1,90 m fica do lado esquerdo e vai lançar uma isca que fica a meia distância.
A última, para a rodada (a que a isca é “pingada”, batendo o chumbo no solo) é uma vara de 1,20 a 1,65 m. Ela fica do lado direito, o mesmo do cevador, e vai garimpar o peixe seguindo o rastro de alimento que sai do tratador. Nesta vara intercalo as iscas, sendo o caramujo uma delas, pois sempre alguma piapara encosta para se alimentar.
Sequência que faz mágica
Acredito que a sequência de pescarias faz é o segredo de boas pescarias, fazendo que o pescador se supere e se reinvente. Comigo sempre é assim. Adoro quando chego de uma pescaria e começo a analisar erros e acertos todos os detalhes tem que ser levados em consideração.
Às vezes algo novo surge a partir de uma necessidade, como foi o que aconteceu em algumas pescarias de piauçus. Percebendo a pequena quantidade de isca disponível, no caso o caranguejo, comecei a usar as perninhas dos bichinhos. Isso não era novidade, fazíamos isso com perninhas dos mais jovens que são macias e fáceis de serem iscadas (atravessadas com o anzol). Já as pernas dos adultos eram muito difíceis, o que faz muitos pescadores desistirem.
Para não perder a pescaria, a criatividade começou a aparecer. Tive a ideia de usar uma pequena broca, apetrecho que sempre usei para furar iscas mais duras como milho ou a ração de peixes que uso como iscas em pesqueiros. Desta forma a operação de furar as perninhas e atravessá-las no anzol ficou muito fácil.
Para atrair o peixe percebi que a melhor isca eram as pernas de caranguejos machos, que são compridas e mais avermelhadas. Dentro da água ela dão um tom todo especial para a isca e em contato com a água corrente parecia ter vida, com uma isca artificial.
Quando passei a utilizar essas iscas, foi incrível o aumento de produtividade, tanto no quesito quantidade de puxadas, quanto no número de capturas de grandes exemplares. Outra vantagem desse sistema foi a economia, pois uso todo o caranguejo.
Equipamento certo
A vara usada, a que fica no centro, é uma Saint Blue Sea de 2,70 m para linhas de 8 a 20 lb, com carretilha Saint Plus Twister DB 10000 H abastecida com linha Crown Titanium HPP de 0,30mm. Nela geralmente isco um caranguejo inteiro.
Na esquerda fica o conjunto em que as iscas são as perninhas. A vara é uma Saint Jinne de 1,80 m para linhas de 10 a 24 lb, com carretilha carretilha Saint Plus Twister TW 4000 H carregada com linha multifilamento Crown Fiber Flex 4X de 0,30 mm.
Na mão fica o conjunto de rodadinha composto por vara Saint Galaxy de 1,65 m para linhas de 5 a 15 lb e carretilha Saint Plus Twister TW 8000 H carregada com linha Crown Fiber Flex 8x de 0,20mm.
Uma boa dica é sempre deixar as varas seguras usando o segurador de vara, como os fabricados pela Jogá.
Também utilizei anzóis da Crown modelo Tinu Níquel e Black nos tamanhos 3, 4, 5 e 6 e ainda Anzol Crown em vários tamanhos. Outro modelo usado foi o Maruseigo Níquel.