O arremesso pode ser comparado a uma arte e requer habilidade e prática do pescador
Por Lielson Tiozzo
Arremessar bem faz sim a diferença numa pescaria. Principalmente se você é fã de iscas artificiais. O peixe naturalmente é desconfiado e qualquer vantagem que você possa obter, sobretudo para surpreende-lo, irá render melhores resultados.
Consultamos os nossos especialistas e enumeramos os seis segredos para arremessar melhor:
1 – “Não acontece por acaso”
A regra número um para quem pretende melhorar o arremesso é esta: não vai acontecer por acaso. Treinar, seja com molinete, seja com carretilha, significa se aperfeiçoar. Assim, a chance de acertar e colocar a isca no ponto desejado será muito maior.
“Para ter um bom arremesso o mais importante é treinar e ter determinação. Eu soube que o Fábio Zurlini, por exemplo, treina mais ou menos duas horas por dia numa piscina”, comenta o pescador do staff Elizeu Vernillo Júnior, o Juninho.
Zurlini, figura bastante conhecida do staff, confirma a citação do amigo: “Eu pratico sempre. O cara, para ficar bom, tem que treinar pelo menos uma vez por semana, com tempo indeterminado”.
O editor especial Pepe Mélega endossa o conselho. “Tem que praticar. Afinal, é assim que se faz em todos os esportes. Você acha que aquele jogador que cobra as faltas sempre no ‘ninho da coruja’ o faz só com talento? Ele treina constantemente para acertar na hora em que precisar”.
2 – Então, onde praticar?
Escolher o lugar para treinar é importante, porque nele o pescador poderá simular todos os tipos de arremesso, sem se preocupar se vai acertar ou não.
“Para quem mora em apartamento ou numa casa mais apertada, o ideal é procurar um parque. Já vi gente treinando no Ibirapuera, em São Paulo”, diz Zurlini.
“Mas, se você praticar no rio, no mar ou na represa, esqueça o peixe. Tenha consciência de que está treinando e procure um ponto de equilíbrio, sem ter que fazer muito esforço para arremessar”, emenda Pepe.
Em vez de treinar com uma isca, o pescador pode usar apenas um chumbinho ou os próprios pesos para arremesso que são encontrados nas melhores lojas de pesca.
3 – Como fazer?
O pescador já sabe que precisa praticar e deve escolher um local apropriado para isso. Agora, é importante tomar nota de como fazer o treino, em especial quando ele tem lugar em uma área livre.
Zurlini sugere a criação de um circuito, no qual o objetivo é acertar os alvos. “Assim melhoramos a nossa precisão”, assinala. “Isso é muito importante. O bom arremesso para determinadas espécies significa o sucesso ou o fracasso na captura. O black bass, por exemplo, é assim. Se você errar, ele não te perdoa. Você perdeu”.
Para construir esse espaço de treinamentos, use latas de bebidas ou garrafas de plástico. Elas devem ser colocadas em distâncias e pontos diferentes, exigindo níveis diferentes de dificuldade. “Não podemos treinar somente num ponto, porque isso não vai acontecer na pescaria. Quando for para valer, vamos ter diversas situações”, explica Pepe.
Nesse momento, ambos os pescadores aconselham: não se preocupe em acertar e derrubar o alvo. O importante é que o objeto arremessado passe pelo menos bem perto, o que já indica uma boa precisão.
4 – Se atente aos detalhes
Agora o leitor deve ficar atento, porque os próximos detalhes para um bom arremesso já devem ser empregados nos treinos. Tendo consciência deles, fica mais fácil compreender o que deve ser feito.
Na pescaria quem mais deve trabalhar é a vara e não seu braço, que deve estar “descansado” para brigar com o peixão. Essa orientação vale tanto para quem usa apenas um braço, ou os dois. E como é isso?
“O que muita gente não entende é que o arremesso consiste apenas em carregar e descarregar a vara. A haste do seu caniço deve trabalhar para potencializar o que chamamos de efeito ‘catapulta’. Esse movimento, que não exige força, é que faz a nossa isca chegar ao ponto desejado”, orienta Pepe.
Carregar e descarregar a vara quer dizer que a haste deve vergar para trás e “disparar” a isca quando voltar para sua posição original, assim que liberarmos a linha com o dedo.
“A empunhadura é um detalhe importante, na minha opinião. Porque vara e carretilha se tornam parte do seu corpo durante a pescaria. Elas devem funcionar juntas”, aconselha Juninho. “O gatilho das varas para carretilha não está ali por acaso. Ele deve estar no meio dos quatro dedos para travar”, continua.
No caso das carretilhas, o pescador deve sentir “cócegas” no dedo polegar quando for arremessar. Sem isso, o risco de acontecer uma cabeleira é muito maior, já que não existe um freio. “Essa dica também é muito valiosa para quando estiver contra o vento. Se não tomar esse cuidado, vai ser difícil a linha não embolar”, destaca Juninho.
5 – Regulagem da carretilha deve ser bem feita
Um passo muito importante para o bom arremesso é a regulagem da carretilha ou do molinete. Ela deve ser feita sempre de acordo com o tipo de isca, avaliando o seu peso, a situação do vento e a distância que se quer alcançar. Para isso, não tem jeito, o pescador deve saber fazer a leitura de seu equipamento.
“Muitas vezes pode acontecer de trocarmos uma isca pesada por uma mais leve e nisso esquecemos de ajustar os freios da carretilha. Aí é fato: acontece a cabeleira. Então precisamos ficar atentos à regulagem, tanto do centrífugo, como do magnético”, adverte Juninho.
Aos iniciantes fica a recomendação de deixar a carretilha mais “fechada” no freio magnético, aquele que geralmente vai de zero a dez, sendo na ordem crescente um travamento maior. Apesar dos arremessos serem mais curtos, eles sairão melhores. Com o tempo, o pescador pode abrir mais os freios, alcançando distâncias maiores.
Para Juninho, as carretilhas que têm freio magnético e mecânico são mais fáceis de serem reguladas do que as que são munidas de freio centrífugo. E o detalhe: esses modelos não são os mais caros, independente do fabricante.
Durante os treinos o pescador irá notar qual regulagem será a melhor para ele. Por isso é importante levar pesos variados para simular situações com iscas de todos os tamanhos.
6 – Preste atenção na especificação da vara
O tamanho da vara é outro detalhe muito relevante. Existe uma regra geral: varas mais curtas, de 5’ a 5’6”, são consideradas melhores para arremessos mais técnicos e curtos. Já as de 6’ a 7’ ganham muitos elogios por permitirem lançamentos para pontos mais distantes, além de serem muito mais eficientes na hora de fisgar, por terem uma maior alavanca.
Depois de regular a carretilha ou o molinete, como explicado no intertítulo anterior, o pescador também deve prestar atenção na capacidade de peso da vara, conhecido como casting.
Por exemplo: um caniço de 5’6”, para linhas de até 17 lb, que tem o casting de 7 a 14 g. Isso quer dizer o seguinte: a vara funcionará melhor se você usar iscas (ou chumbo mais o chicote) naquela faixa de peso indicada. Caso contrário, ela poderá sofrer sérios danos em seu corpo, e até quebrar.
Se o pescador respeitar as limitações do equipamento, certamente terá melhores arremessos.