Pescaria de barranco nos mínimos detalhes

É possível fisgar belos exemplares de curimbas, piaparas e outras espécies nesta modalidade tão popular

Por Maicon Bainchi

Como nossa pescaria é de barranco, os equipamentos mais indicados são varas de bambu de 2 a 4 metros de comprimentos ou varas telescópicas do mesmo comprimento. Quanto mais flexível a vara, melhor, principalmente na ponta. Para facilitar a visualização na hora da ação do peixe, alguns pescadores optam por amarrar na ponta sacolinhas de plástico de cor branca ou usar ponteiras de cores chamativas, como vermelho e verde limão.

Varas para molinetes de ação lenta e capacidade de até 20 lb são as mais indicadas; o uso do molinete se faz interessante em situações de rio baixo, onde os peixes não estão encostando para comer no barranco, o que proporciona ao pescador arremessos mais longos.

É comum o uso de molinetes médios com capacidade de 100 metros de linha monofilamento 0,30 a 0,40 mm. Para vara de bambu, use a linha uns 50 cm maior que o comprimento das varas a serem utilizadas. As multifilamento de 0,20 a 0,25 mm podem ser aliadas interessantes, pois a ausência de elasticidade torna a ação do peixe mais perceptível, mas tome muito cuidado, pois isso pode prejudicar na hora da fisgada, rasgando a boca do peixe. Cabe ao pescador analisar e testar a linha que se adapta melhor. Ambas as linhas são usadas no molinete.

Quanto aos anzóis, recomendo o uso de pequenos e finos para facilitar a fisgada (indicado: maruseigo nº 12 a 16); já os chumbos variam, dependendo do local explorado. Chuveirinhos dotados de anzóis apropriados com sistema de mola interna são muito eficazes para a pescaria dos curimbatás.

Alguns acessórios que auxiliam o pescador nessa pescaria são:

-Suporte para varas de metal para vara de bambu ou o pescador pode improvisar na barranca alguns gravetos em formato de forquilha conforme foto de ilustração.

-Puçá, paçaguá, coador – espécie de rede para pegar os peixes depois de fisgados e próximo à margem.

-Guarda-sol, cadeira ou assento acolchoado, roupas próprias para pesca, protetor solar e uma sacola de lixo para retirar a sujeira ao final da pescaria.

O que usar?

As iscas mais utilizadas são massa de farinha de trigo iscada no anzol até a metade do colo. A consistência da massa é o fator principal, deve ser nem muito dura nem mole demais.

Utilizamos com muito sucesso massas prontas para curimbatá, feitas com goiabas vermelhas (adquirida em lojas do ramo); nelas adicionamos água do próprio rio e essência de banana, mexemos até obter a consistência desejada para fixar na mola do chuveirinho, e os anzóis iscamos fígado de porco.

Preparação do chuveirinho:
1 – Após a massa com a consistência desejada, colocamos na mola do chuveirinho em forma de “coxinha”.
2 – Geralmente os chuveirinho têm 5 anzóis, iscamos cada um deles com pedacinhos de fígado de porco.
3 – Nessa pescaria, o ideal é o pescador ter mais de um chuveirinho pronto, assim facilita na hora da troca.

A pescaria

Nessa modalidade, o essencial é chegar à barranca do rio de madrugada, ainda antes do amanhecer, porque com isso podemos arrumar nossos equipamentos e ajeitar o local sem afugentar os peixes. Cevar antes mesmo de o sol sair é uma das artimanhas que o pescador deve utilizar, pois todos sabem que as espécies de escama começam a se movimentar assim que amanhece, o que nos possibilita aumentar a chance de sucesso em nossa ceva.

Depois de tudo arrumado ,a sugestão é utilizar três varas de bambu e uma de molinete, enfileiradas paralelamente de modo que se facilitem a visualização e a puxada. Com as varas de bambu arremesse a linha com o chuveirinho ao máximo de seu comprimento, e aguarde até o chumbo encostar no fundo do rio. A seguir, coloque a vara no suporte com cuidado e repita o procedimento para as demais varas. Quanto ao molinete, vamos arremessar um pouco além das varas de bambu, para cobrirmos uma área de atuação maior, buscando os peixes que ainda não chegaram à nossa ceva.

Sabemos que nossa espécie, diferentemente das demais, possui uma pegada sutil, apenas “mama” a isca e na hora tão esperada da pescaria o pescador precisa conter a ansiedade e não fisgar, apenas aguardar, pois com o uso do sistema de chuveirinho o curimbatá se fisga sozinho, e se o pescador se precipitar irá perder o peixe.

Seguindo os passos anteriores, o sucesso da fisgada estará garantida. Então resta só curtir o melhor momento da pescaria: o embate com o peixe, mas, lembre-se, respeite sempre as leis de embarque e, se possível, pesque e solte sempre.

A pescaria de barranco é considerada a mais “raiz” de todas devido ao envolvimento do pescador com a natureza (Foto: Carlos Pancieri)