Audiência pública em Brasília reuniu senadores e lideranças do turismo e da pesca para debater a pesca esportiva
Por Lielson Tiozzo
O orçamento limitado e a falta de recursos humanos são importantes impeditivos para o desenvolvimento do turismo da pesca no Brasil. É o que apontam a Secretaria de Pesca e Aquicultura e a Embratur. O assunto foi discutido numa audiência pública convocada pela senadora Soraya Thronicke (PSL-MS) que se deu no Senado, em Brasília, nesta quinta-feira, 24.
A Embratur avalia que o turismo do Brasil não é bem propagado devido à falta de recursos financeiros. De acordo com o coordenador geral, Dougllas Rezende, o orçamento de 2018 do instituto foi de US$ 8 bilhões, enquanto que o do México, outro país latino, foi dez vezes superior. Ele representou Gilson Machado Neto, que está em viagem pela Ásia na comitiva do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“O turismo da pesca está muito aquém do que pode trazer de recursos. Temos consciência disso. O gasto médio de um turista comum no Brasil é de US$ 80 a 120. O que vem para a pesca esportiva gasta US$ 700. Sabemos que este segmento cresceu em 2018 cerca de 15%, mas almejamos mais”, cita Rezende. “Nosso maior mercado internacional é os EUA. Com a isenção dos vistos para os turistas estadunidenses, temos um mercado maior para conquistar”, completa. Ele recorda que canadenses, australianos e japoneses também estão livres do visto e por isso beneficiaram o setor.
Rezende fez pressão para que o governo apoie a iniciativa de transformar a Embratur em uma agência, deixando de ser ligada ao Ministério do Turismo. Isto possibilitaria mais parcerias com empresas privadas, aumentando a capitação de recursos.
Já o secretário de Pesca e Aquicultura, Jorge Seif Júnior, citou as constantes mudanças que a Pesca viveu de 2015 para 2019 como um grande entrave. Neste período houve a mudança de status de Ministério para Secretaria e a redução do número de servidores. Eram quase 800 pessoas e agora são menos de 100. Ele assegura que sua gestão conta “87,5% de funcionários de nível superior”.
“Precisamos ter noção que a Secretaria da Pesca tem que cuidar de turismo, aquicultura, importação e exportação de pescados e muitas outras coisas”, cita. “Não existe Super-Homem e nem Mulher-Maravilha para fazer tudo. Falta braço e gente para trabalhar”, acrescenta.
Entre os problemas apontados por Seif Júnior estão o ordenamento pesqueiro, bem como a revisão do período de defeso em diversas regiões do Brasil. Ele indica também as fraudes nas licenças de pesca para profissionais como uma grande dor de cabeça. Em 2018, o custo com o pagamento de benefícios no período de proibição da pesca chegou a R$ 2 bilhões para a União.