Também de acordo com a Secretaria, existe uma estimativa que “1 kg de peixe devolvido vivo à água vale quatro vezes mais que um 1 kg de abatido”
Por Lielson Tiozzo
O secretário de Pesca e Aquicultura, Jorge Seif Júnior, garantiu que está de olho na implementação da cota zero do transporte do pescado em diversas regiões do Brasil. Ele indica que até mesmo a criação de uma Licença de Pesca específica para os praticantes do pesque-e-solte vem sendo avaliada pelo Governo Federal.
“O pescador ribeirinho e o artesanal vão poder continuar com a pesca deles. Os demais, o pessoal da pesca esportiva, vão ter a carteirinha para praticar o pesque-e-solte e respeitar a cota zero”, sugere Seif Júnior.
No entanto, o secretário salienta que comunidades ribeirinhas, pescadores profissionais e mesmo catadores de iscas vivas não podem ser afetados por uma medida restritiva. “Eles devem continuar pescando dentro de uma cota estabelecidas para eles”.
Questionado sobre como conciliar o desenvolvimento com a preservação, Seif Júnior admitiu: “reconhecemos que este é um tema delicado”.
“Criamos comissões em diversas regiões para avaliar cada caso, porque cada região do Brasil tem uma necessidade para saber se devemos ou não incentivar a cota zero”, revela.
Seif Júnior, senadores e representantes da Embratur discutiram o tema durante uma audiência pública interativa que se deu em Brasília. De acordo com ele, a proibição do transporte de pescado por parte de amadores vai de encontro com uma política sustentável, necessária para o desenvolvimento do turismo. Ele chamou de “absurdo” o fato de grupos de turistas ainda lotarem freezers de peixe quando retornam de points pesqueiros.
“A cota zero visa proibir o transporte de peixes, porque o consumo vai estar liberado no local da pescaria”, indica.
Peixe vivo vale mais
Também presente na audiência, o coordenador geral de ordenamento e desenvolvimento da pesca continental, Alex Augusto Gonçalves, citou uma estimativa: “1 kg de peixe devolvido vivo à água vale quatro vezes mais que um 1 kg de abatido”. Já o secretário indica que valeria “até mais”, próximo de dez vezes mais.
“Cota zero é um tema bastante polêmico. Precisamos fazer um ordenamento e entender o que acontece com cada espécie. Estamos trabalhando para ver onde e se vale a pena ou não mantê-la, avaliando o impacto para os pescadores de subsistência”, pontua Gonçalves.
Ainda de acordo com o coordenador, a secretaria de Pesca busca apoio científico para desmistificar questões importantes sobre o pesque-e-solte e as consequências para os cardumes.