Acidentes com mordidas de espécies muito perigosas podem acontecer; confira alguns cuidados para evitá-los
Cobras não saem pela mata à procura de gente para morder. Praticamente certo é que, se elas nos vêem primeiro, farão de tudo para que não as encontremos. Geralmente procuram sair do nosso caminho rapidamente. Elas sabem disso! Por isso, devemos ficar muito atentos em nossa pescaria desembarcada
No caso das cascavéis, que preferem ficar imóveis, até avisam para que não nos aproximemos, provocando a vibração de seu chocalho. Então, mordidas ocorrem por puro acidente, geralmente quando a serpente não percebeu a presença da pessoa, ou, se percebeu, foi tardiamente. Quando isso ocorre é chamado de acidente ofídico.
A espécies
No Brasil existe uma grande variedade de serpentes. Na verdade, mais de 300, um número respeitável! Todavia, apesar de tanta diversidade, poucas são aquelas com capacidade de inocular veneno de potência que venha a trazer risco de vida ao ser humano.
Vale dizer que encontros com animais dessa característica são raros, seja porque eles existem em menor número, seja porque em sua maioria têm hábitos noturnos. Então, a maioria dos casos restringe-se a encontros com tipos não peçonhentos.
Espécies que podem causar acidentes
No Brasil há quatro grupos que podem causar acidentes graves. O gênero Bothrops, ao qual pertencem as jararacas, entre estas a urutu e a jararacuçu, cujas mordidas redundam em inchaço, dor e hemorragia no local atingido. O ferimento fica feio, de maneira que a vítima não tarda para buscar atendimento médico, o que evita acidentes fatais.
Já o Crotalus, ao qual pertencem as cascavéis. Suas mordidas resultam em dificuldades de abrir os olhos, visão dupla, pálpebras caídas (ptose), dor muscular e urina avermelhada. Os sintomas demoram um pouco para se manifestar, de maneira que a tendência é de o quadro tornar-se mais grave, inclusive com sérios riscos para a vida da vítima.
Existe também o gênero Lachesis, ao qual pertence a surucucu, também chamada de pico-de-jaca. Sua mordida causa inchaço no local, dor intensa, hemorragia e alteração nos batimentos cardíacos. Os sintomas são imediatos e seu veneno, de formidável ação, coloca a pessoa em sério risco.
Por fim, o gênero Micrurus, ao qual pertencem as corais. A mordida causa pouca reação local, mas dela advêm visão dupla, pálpebras caídas, falta de ar e dificuldade para engolir; também pode trazer conseqüências gravíssimas.
Tratamento a acidentes ofídicos
Ao contrário do que afirmam, não há tratamento caseiro para acidentes ofídicos, de modo que o melhor a fazer é seguir algumas regras e buscar socorro imediato, pois só o tratamento adequado pode trazer tranqüilidade e recuperação para a vítima.
Deve apenas lavar bem com água e sabão para, em seguida, buscar imediato e adequado socorro.
A identificação da espécie que causou o acidente torna o tratamento mais rápido e eficaz. Sempre que possível é bom fornecer essa informação. No entanto, mesmo sem ela, o tratamento ainda pode ser adequado.
Um detalhe importante é que muita gente pensa que carregando soro consigo estará livre das conseqüências de uma mordida. Na verdade, uma dose servirá apenas para melhorar a condição da vítima até obter atendimento médico adequado e definitivo, que nunca deverá ser dispensado e que é a única maneira de se determinar quantas doses serão necessárias.
Ademais, carregar soro, salvo se for liofilizado (em pó), faz supor que se dispõe de meios adequados de conservação, o que nem sempre é possível, de modo que sua eficiência pode ficar prejudicada pela má conservação.
Vale lembrar que, dependendo da pessoa, o uso de soro antiofídico pode dar origem a um quadro alérgico até mais grave que o próprio envenenamento.