Respeitar o maior órgão do corpo significa garantia de pescaria saudável e melhor qualidade de vida
Por Lielson Tiozzo
Pausa na pescaria para um assunto que também tem grande valor. Deixe a curiosidade sobre anzóis, iscas, varas, linhas e carretilhas por pouco tempo de lado para se preocupar com você mesmo: proteja a sua pele, cuide bem da sua saúde.
Certos cuidados simples são fundamentais para a vida de quem curte aventuras embaixo do sol escaldante durante muitas horas e, em qualquer situação, está sempre exposto à ação dos raios ultravioletas (UV).
A pele é o maior órgão do corpo humano. Corresponde a 16% do peso corporal e exerce diversas funções, como regulação térmica, defesa orgânica, controle do fluxo sanguíneo, proteção e funções sensoriais (calor, frio, pressão, dor e tato). Trata-se de um órgão vital, ou seja, sem ela a sobrevivência seria impossível. Cuidar da pele não é somente questão de estética e beleza, como alguns podem imaginar.
Enquanto o pescador tenta fisgar o seu peixão, seu corpo recebe uma carga de radiação ultravioleta vinda do sol. Ao atingir a pele, os raios penetram profundamente e geram reações imediatas: queimaduras, alergias e bronzeamento.
A carga de raio solar que chega à Terra se divide em duas: radiação UVA e UVB. A primeira é constante durante o ano todo, atinge a pele praticamente da mesma forma, seja durante o inverno, seja durante o verão. Sua intensidade é um pouco maior entre 10 e 16 h.
O raio UVA é o principal responsável pelo fotoenvelhecimento e fotoalergias (problemas ocasionados pelo excesso de exposição ao Sol) e também predispõe a pele ao surgimento do câncer da pele. Já o UVB é típico do verão. Esse raio é o responsável pelas fortes queimaduras solares, sendo considerado pelos especialistas o mais perigoso para a formação de doenças.
Câncer e outros males
A exposição excessiva aos raios UVA e UVB traz grandes prejuízos ao corpo humano. O pescador desatento faz aquela pescaria maravilhosa, mas no final do dia ele pode sofrer com muitas dores, a ponto de ter uma noite mal dormida e nos dias seguintes enfrentar as conseqüências negativas.
“Se o corpo fica exposto à radiação solar, a ação cumulativa determina uma série de alterações na pele causando o seu envelhecimento. A pele fica mais fina, com tonalidade amarelada, surgem rugas e vasos mais aparentes”, explica a médica dermatologista Renata Violato.
As lesões mais comuns são as “melanoses solares”, manchas acastanhadas de característica benigna. Podem surgir também lesões mais avermelhadas e ásperas, as chamadas “queratoses actínicas”, que podem no futuro se transformar em problemas mais graves. No entanto, a doença mais temida é o câncer da pele.
Células da pele que sofreram uma transformação e multiplicam-se de maneira desordenada e “anormal”, gerando um novo tecido (chamado de neoplasia), formam o tumor do câncer. “Os carcinomas de pele surgem muitas vezes espontaneamente, sem lesões precursoras, pela ação direta do sol”, diz Renata.
A formação do câncer ocorre na maioria dos casos em pessoas de pele branca que se queimam com facilidade e nunca se bronzeiam, ou se bronzeiam com dificuldade. Porém, isso não é uma regra, pessoas de pele mais escura também estão sujeitas aos problemas de saúde.
“Pessoas de pele clara reagem com maior intensidade a menores doses de luz UV do que os de pele escura, por possuírem menor quantidade de melanina. Não há diferença importante para homens e mulheres. Crianças, em geral, possuem a pele mais sensível ao sol”, alerta a dermatologista.
A maioria das lesões se dá nas áreas da pele que ficam expostas ao sol. A proteção solar é, portanto, a principal forma de prevenção de qualquer doença. Ela pode ser feita por meio do uso de protetor, camisas e bonés específicos e óculos.
Protetor solar
O uso diário de protetor solar é o melhor cuidado que se pode ter com a pele, independente de a pessoa ir pescar ou ao supermercado. “Ele deve ser aplicado pelo menos três vezes ao dia”, orienta Renata. A pele também deve ser tratada com produtos hidratantes logo após o banho, pois nesse momento ela está mais receptiva à penetração.
Muitos pescadores reclamam do uso do protetor. A explicação é simples. Ao “sujar” a mão com o produto, a isca que for tocada por ela fica com o seu “cheiro”. Sendo assim, os peixes rejeitam a isca, comprometendo a pescaria. Verdade ou mito, o pescador do staff Pesca & Companhia, Juninho, dá a dica:
“O melhor é ir à frente do espelho e passar o protetor antes da pescaria. Assim você pode deixar a sua mão bem limpinha”. Mas, e durante a pescaria, como fazer a reaplicação do protetor? “Nessa situação devemos sempre levar um sabonete e um pano exclusivo para a operação. O mais importante é manter a mão limpa para poder ter contato com as iscas”, responde o pescador.