Casos com cobrança de propina teriam se dado em área de restrição de pesca em Usina Hidrelétrica no Rio Paraná
Por Lielson Tiozzo
Policiais de Ayolas, no Paraguai, são acusados de facilitar a prática da pesca predatória em área proibida e em plena piracema. De acordo com um empresário do turismo ouvido pela Pesca & Companhia, os crimes ambientais se dariam nas proximidades da Usina Hidrelétrica Yacyretá, no Rio Paraná. A legislação local não permite a pesca a uma distância de 3 mil metros acima ou abaixo das comportas.
O período de proibição da pesca naquele trecho do Rio Paraná começou no dia 4 de novembro e vai até 20 de dezembro. No entanto, antes mesmo do fechamento para a piracema, policiais já estariam pedindo propina para que pescadores acessassem a área de proteção. Nas proximidades da hidrelétrica os cardumes ficam acumulados, o que tornaria a pescaria muito produtiva.
Um empresário brasileiro que possui um empreendimento em Ayolas confirmou a atuação de policiais do Paraguai. “Eles constantemente estão importunando meus clientes (brasileiros), pedindo um dinheiro para fazer vista grossa”, conta. A Pesca & Companhia prefere manter em sigilo a identidade do empresário. “Com certeza posso ser perseguido, ainda mais por ser brasileiro”, aponta.
Ele conta que fez diversas denúncias sobre a cobrança de propina por parte de policiais. Inclusive para superiores da corporação local. No entanto, ele sugere malevolência e até mesmo o temor de represálias. “Eles dizem que não podem fazer nada porque há envolvimento de políticos. Então, temem perder o emprego”.
Nas últimas semanas, em pleno período de proibição, o jornal ABC Color publicou que durante as noites pelo menos 30 embarcações fazem pesca predatória nas proximidades de Yacyretá. Para acessar o local, os policiais estariam cobrando uma “taxa” de 300 a 400 mil guaranis (R$ 200 a R$ 260) e mais um exemplar de dourado por embarcação.
Autoridades negam
A Pesca & Companhia entrou em contato com o engenheiro e encarregado de pesca do Ministerio del Ambiente y Desarrollo Sostenible (Ministério do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável) em Ayolas, Adán Leguizamón. Mas ele não respondeu as nossas mensagens até o momento desta publicação.
Ao ABC Color, por sua vez, Leguizamón confirmou as denúncias recebidas sobre a facilitação dos policiais. Ele sugeriu que no momento de tentativa de abordagem dos pescadores furtivos “não havia nada” e que “teriam fugido” do local onde estariam pescando.
A própria polícia e as autoridades marinhas também rechaçaram as acusações ao mesmo meio de comunicação paraguaio. O capitão da prefeitura naval, Emeterio Miranda Rodríguez, disse que o órgão possui aparelhos para visão noturna e que as denúncias “são tentativas de abafar o trabalho que vem sendo feito na piracema”.