Brasileiros estariam sendo informados sobre eventual “cota livre” de pescados e até mesmo o suporte de caminhão frigorífico faz “parte do pacote”
Por Lielson Tiozzo
Agentes de viagens do Brasil estariam vendendo pacotes com “cota livre” de pescado em Ayolas, no Paraguai. Mas, quando fiscalizados, os pescadores são surpreendidos por ultrapassarem o limite. A cidade fica às margens do Rio Paraná e possui diversas estruturas turísticas para receber brasileiros.
Um empresário, que possui um empreendimento em Ayolas, contou à Pesca & Companhia a situação. Os agentes estariam contratando até mesmo caminhões frigoríficos para tentar facilitar o transporte dos pescados. Este tipo de veículo seria uma maneira mais viável de ocultar a pesca predatória, já que isopores nos bagageiros de ônibus chamam mais atenção.
“Isto está formando uma má fama dos brasileiros, sempre acusados de fazerem uma matança na região”, indica o empresário. A Pesca & Companhia prefere manter em sigilo a identidade dele. “Temo ser perseguido”.
No Paraguai, o pescador estrangeiro tem direito a transportar dois exemplares de “espécies variadas” mais um dourado ou um pintado. Pode optar também por três exemplares de espécies como pacu, piapara e curimba. Não existe uma cota por quilo. É por unidade, considerada “troféu”.
Um caso de desrespeito às normas locais se deu no final de outubro, antes do fechamento da pesca na região. Dois ônibus com pescadores brasileiros foram flagrados com diversos peixes. Em um dos ônibus, estavam 17 pescadores com destino ao Paraná. Eles transportavam 52 piaparas e 34 piracanjubas, totalizando 86 peixes.
Já o outro ônibus, com 26 passageiros, transportava 26 piaparas e 6 piracanjubas. Este tinha como procedência o Rio Grande do Sul. A polícia paraguaia, por sua vez, não especificou qual foi o crime ambiental, já que os pescadores respeitavam a cota.
Os turistas acabaram presos no país vizinho e somente foram liberados depois do pagamento de multa.
De acordo com o empresário ouvido pela Pesca & Companhia, “na semana seguinte” os agentes que teriam atendido os dois grupos já teriam contratado um caminhão frigorífico para atender novos clientes.