Não tem a ver com o ritmo musical. E sim com a pesca de costão, em que podemos capturar grandes exemplares de tarpons
Por Saulo Nazion
A pesca de costão ou, como é mais conhecida mundialmente, rockfishing, é um ótimo exemplo de modalidade “free”. É uma pescaria que pode ser praticada em quase toda a extensão do litoral brasileiro e tem um custo acessível. Nela, os praticantes pescam necessariamente em cima de formações rochosas que podem ser de origens distintas.
Em nosso litoral, essas formações, no geral, podem ter composições variadas, sendo de origem natural (recifes de coral, arrecifes de arenito e rochas magmáticas, sedimentares ou metamórficas), ou de origem antrópica, como no caso dos quebra-mares, que são utilizados para contenção do avanço marítimo.
Por ser praticada, muitas vezes, em superfícies irregulares, a rockfishing impõe alguns limites para quem deseja praticá-la, mesmo sendo uma modalidade acessível. Os pescadores precisam ter um bom preparo físico, equilíbrio, nadar bem e ter uma ideia das formações rochosas em que se pretende pescar.
Devido às poucas informações e às limitações da modalidade, a pesca de costão, com iscas artificiais, ainda é pouco praticada no Brasil. Contudo, há, na região Nordeste, o grupo Tarpon Brazil (TBZ), que divulga técnicas e relatos de pescaria dessa modalidade.
Variáveis para levar em conta
Os integrantes do grupo afirmam que algumas variáveis físicas são de suma importância para quem deseja realizar a pesca de costão e podem determinar um bom dia de pesca na pedra. Entre elas, destacaram: a amplitude das ondas, fases da lua, direção do vento e altura da maré.
Pelo fato do pescador ficar exposto às ondulações, é necessária a análise minuciosa dos períodos e altura das ondas com antecedência. Esses dados podem ser coletados facilmente na internet e são indispensáveis à segurança e sucesso da pescaria.
Durante a análise, é importante identificar algumas possíveis situações: ondas grandes, com mais de 1,5 metro, tornam inviável a prática da modalidade. Outra situação é o mar “flat”, sem ondas. Apesar de ser confortável para o pescador, a ausência de ondas torna os predadores inativos, pois necessitam, no mar, da movimentação e espuma causada pelas ondulações para efetuar a predação.
A fase lunar é outro ponto chave. De acordo com a atração gravitacional que a Lua exerce sobre a Terra, teremos diferenças em relação à altura da maré, implicando diretamente no tempo de pesca da modalidade em questão. No caso das luas grandes (cheia e nova) tem-se uma grande variação entre a baixa e a preamar, fazendo com que o tempo de pescaria seja menor e em um único horário durante o dia. Já nas marés de quarto a ação gravitacional é menor e o pescador consegue um tempo maior em cima da pedra.
O vento
Sem dúvida, o fator físico mais importante para os praticantes da rockfishing é o vento. Ele é o grande responsável pelo deslocamento das correntes marítimas superficiais. Também interferem diretamente na temperatura e transparência da água.
O vento perfeito para a prática da modalidade varia de acordo com a posição geográfica da região. No Nordeste, região onde o grupo realiza a maioria de suas pescarias, os ventos alísios de direção nordeste são os mais adequados, pois favorecem a migração de várias espécies predatórias que se deslocam para lá juntamente com as correntes quentes empurradas pelos alísios.
Por conter uma costa repleta de arrecifes de arenito e recifes de coral, a região Nordeste é um local ideal para a prática da modalidade. São águas quentes e límpidas durante boa parte do ano, condições perfeitas para a pesca de rockfishing, oferecendo a possibilidade de captura de grandes espécies, destacando-se entre elas tarpons, barracudas, robalos, xaréus, etc. Peixes que desafiam verdadeiramente a habilidade do pescador.
Conjunto indicado
O uso do equipamento ideal faz toda a diferença. A equipe TBZ utiliza equipamentos que variam entre 30 e 50 lb, que muitas vezes se tornam leves diante de grandes exemplares que costumam aparecer. As varas de pesca precisam ter um bom comprimento, entre 7 e 9 pés, o que ajuda em arremessos mais longos, e, principalmente, no aumento da angulação da linha com a pedra, tentando evitar que o peixe procure um enrosco no momento da “briga”.
Os molinetes são indispensáveis, eles são mais resistentes à água salgada e facilitam na hora do pincho. Pensando em evitar que a linha se rompa em atrito com as pedras, a utilização de líder de fluorcarbono (1,5 metro de comprimento em média) é essencial para diminuir as possíveis perdas dos peixes.
Grandes plugues entre 13 e 15 cm são os mais utilizados na região. Jigs e softs costumam ter mais produtividade nos dias em que os peixes estão menos ativos. O uso de anzóis e garateias reforçados é de suma importância para garantir a captura.