Dizem que “a estratégia vale até encontrar o adversário”. Por isso, o pescador deve ter repertório para fisgar os robalos
Por César Pansera
Alguns pescadores mais puristas não gostam de pescar robalo no fundo, preferem tentar as capturas com plugs de superfície. Claro que o visual da pescaria nessas circunstâncias nem se compara com a de fundo. Gosto muito e pesco robalo na galhada, mas, ultimamente, conciliar as duas técnicas tem dado resultado nas pescarias.
Em algumas condições que enfrentei, seria impossível ter uma colocação expressiva caso o “caboclo” não pescasse “pindocando” (termo usado pelos pescadores para a pesca de fundo, rodada com artificiais). Na maioria das situações em que se pesca “pindocando” é preciso, além de técnica, saber alguns truques.
Deixamos o barco rodar a favor da maré. Chegando à parte mais profunda e, entre um robalo e outro, estávamos na toca dos grandes. Percebemos então que os robalos só batiam quando a isca chegava ao fundo e se o leader fosse fino, algo entre 0,30 mm e 0,33 mm.
Os peixes estavam concentrados no “rebojo” de algumas pedras submersas. Era só ficar segurando o barco com o motor elétrico e arremessar no sentido oposto ao da maré, na frente da pedrinha. Nossas linhas mal tocavam o fundo e já tinham um robalo engatado.
Já havia observado isso, pois, em algumas etapas de torneios de pesca, fisgamos vários peixes somente utilizando líder fino, de no máximo 0,35 mm, e ficamos bem colocados. É claro, não existe nenhuma verdade nem regra absoluta quando estamos pescando, mas líder muito grosso para se pescar de fundo, além de dificultar a descida da isca, às vezes não bate nada.
Se você sabe que no lugar onde está pode bater um dos grandes, procure usar uma linha mais grossa, mas não superior a 0,40 mm. É possível tirar um robalo de bom tamanho com material fino. Uma vez pescando no meio do rio ou da baía, é mais difícil o peixe levar a linha para as galhadas cheias de “cracas” que costumam cortá-la.
Quando se usa linha fina é necessário verificar constantemente se a ponta não esta “puída”, pois, ao pegar vários robalos, independentemente de seu tamanho eles abocanham muitas vezes a isca inteira e desgastam a ponta da linha. Caso contrário, na hora que bater o grande a linha poderá arrebentar.
Varas e líderes ideais
Neste dia usamos varas mais rápidas, que respondem melhor quando se trabalha a isca. Libragens 10-20 e 10-25 são as mais recomendadas, uma vez que as cabeças de jig usadas não passem de 15 g.
O comprimento das varas pode ajudar, por isso costumo usar varas de 6 pés ou mais. Além de propiciar arremessos mais longos, fazem com que você tire mais alto a isca do fundo. Devido ao seu comprimento, a alavanca que o pescador faz é maior, dando mais chance para o robalo abocanhar a isca.
Procure usar o líder do tamanho da vara, sem fazer com que o nó entre no carretel, pois poderá prejudicar seus arremessos. Tanto nas varas de carretilha como nas de molinete usamos linha de multifilamento de, no máximo, 14 lb. Por não terem elasticidade, essas linhas aumentam a sensibilidade na pescaria, cortam melhor a água e possibilitam que a isca chegue ao fundo mais rápido. Sem sombra de dúvida é um ponto que faz toda a diferença na pesca de fundo, pois dão total controle da isca.
Outro fator que já fez muitas vezes a diferença foi substituir o chumbo que vem nos camarões por um ratling da Excalibur (uma espécie de cápsula de vidro com esferas que fazem barulho). Veja bem, fez a diferença quando o peixe não estava batendo, ou seja, aquele momento do dia em que a maré está sonolenta, preguiçosa e que não corre direito. Nessa hora, iscas com ratling podem atrair mais os peixes.