Participaram do curso 23 moradores das aldeias Kaluani Paraíso, Kuluene, Lago Azul, Matipu, Morená, Pequizal do Narovuto, Sabiá-Aranhé, Tanguro e Tehuhungu
Indígenas das etnias Kalapalo, Kamayurá, Kuikuro, Naruvuto e Matipu participaram do curso Capacitação de Condutores de Turismo de Pesca Indígena entre os dias 17 e 19 de maio. Realizada no Parque Indígena do Xingu, a capacitação é resultado de uma parceria entre a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do estado de Rondônia (Senar-RO). A unidade da Funai com sede em Canarana (MT) acompanhou a realização do treinamento.
Participaram do curso 23 moradores das aldeias Kaluani Paraíso, Kuluene, Lago Azul, Matipu, Morená, Pequizal do Narovuto, Sabiá-Aranhé, Tanguro e Tehuhungu. O consultor técnico em turismo de pesca em Terras Indígenas Kelvin Lopes, responsável por ministrar o treinamento, afirma que o curso foi estruturado para melhorar a prestação de serviços relacionados ao turismo de pesca. “O objetivo foi capacitar os indígenas para prestarem serviços de qualidade nas mais diversas operações de pesca esportiva”, explica o consultor.
Lopes destaca a abordagem simples com que a capacitação dos indígenas ocorreu. “Para receber o treinamento, não houve a necessidade de comprovação de escolaridade, uma vez que o curso foi transmitido de maneira mais prática e com linguagem acessível, tendo como cuidado os aspectos socioculturais da região. Mesmo os temas que consideramos teóricos, foram tratados e transmitidos em uma linguagem prática e direta”, disse.
Com carga horária de 20 horas/aula, o treinamento ofereceu aulas práticas e teóricas, com temas como introdução ao turismo, turismo de pesca no Brasil, biologia e ecologia, equipamentos de pesca e relacionamento humano. “Esse curso de capacitação estava sendo muito aguardado pelos xinguanos. O Xingu apresenta vários projetos de turismo de pesca esportiva. Oferecer uma melhor qualificação reflete no melhor tratamento ao turista, melhores técnicas de soltura dos peixes e melhora na autonomia dos indígenas”, conclui o consultor.
Ecoturismo
O curso é uma reivindicação antiga dos indígenas Wayukumã Kalapalo, da Terra Indígena Pequizal do Naruvôtu, e Pablo Kamayurá, da aldeia Morená. Outro importante suporte veio do líder Teteku Kalapalo, que recebeu a equipe da capacitação em sua aldeia, destaca Marcello Kamayurá, um dos participantes. “Há pouco mais de duas décadas a pesca esportiva de base comunitária vem sendo implantada com estudo e acompanhamento da Funai justamente para orientações adequadas. O projeto vem dando resultados positivos na geração de renda bem como na sustentabilidade”, pontua o indígena.
Marcello conta que, à medida que a população indígena do Parque do Xingu aumenta, a demanda de pesca cresce naturalmente. “Portanto, é necessário projetar estudos e debates entre as lideranças locais e técnicos especialistas para trazer um programa de manutenção de matrizes de espécies de peixes. A pesca do tipo pesque e solte, a pesca turística, é um dos projetos que pode ajudar neste processo”, observa.
Conforme afirma Marcello, cerca de 120 famílias indígenas participam do projeto de pesque e solte. “Há uma grande demanda de treinamento para realizar melhorias no serviço, do local e de logística. A capacitação é importante justamente para executarmos a atividade de forma correta. Temos a satisfação de agradecer a gestão da Funai por realizar essa primeira capacitação. Esperamos que tenhamos mais oportunidades de receber outros cursos e treinamentos técnicos”, finaliza.
Informações: Assessoria de Comunicação / Funai