Espécie de mamífero tem dificuldade de sair do emaranhado, aponta estudo
Os autores do e-book “Toninha, um pequeno cetáceo ameaçado de extinção” alertam que o mamífero está nesta situação no Brasil, entre outros motivos, por se embolar com emaranhados de redes de pesca e morrer afogado. A publicação pertence a uma série do LABCMA, o Laboratório de Biologia da Conservação de Mamíferos Aquáticos (LABCMA) do Instituto Oceanográfico da USP.
“É um pequeno golfinho que ocorre, exclusivamente, em águas litorâneas do Sudeste e do Sul do Brasil, do Uruguai, e do norte da Argentina. O maior fator de mortalidade da toninha trata-se de um acidente operacional quando redes de pesca buscam capturar pescado visando a trazer proteína marinha para consumo humano. Mesmo com sistema de ecolocalização, a toninha vem se emaranhando em redes de pesca e, por não conseguir subir à superfície da água para respirar oxigênio do ar por meio de seus pulmões, morre afogada”, alertam os autores.
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O livro é fruto do estudo “Avaliação sobre o estado da arte dos conhecimentos com vistas à conservação da toninha, Pontoporia blainvillei, um pequeno cetáceo ameaçado de extinção”, de Isabela Rugitsky Domingues, sob orientação de Marcos César de Oliveira Santos, ambos da USP. O objetivo é que o material tenha um alcance maior de membros da sociedade não acadêmica sul-americana, bem como boa parte dos pescadores. É possível baixá-lo neste link.
“Se depender apenas dos cientistas, a toninha não será salva da extinção. Esse notável grupo de entusiastas não irá salvar a toninha da extinção sem apoio de outros atores. Alcançar a meta deve, necessariamente, incluir os governos federais do Brasil, Uruguai e Argentina por meio do estabelecimento de políticas públicas claras voltadas à missão de retirar a toninha da lista de cetáceos ameaçados de extinção”, comentou Marcos, ao Jornal da USP.
Em 2022, o LABCMA publicou outro livro sobre mamíferos aquáticos: “Orca é baleia ou golfinho? As perguntas mais comuns sobre os cetáceos finalmente respondidas”.
Já as toninhas estão entres os menores mamíferos do mundo, com cerca de 1,6 metros na fase adulta e cerca de 70 kg. Os animais vivem em rios e oceanos, se alimentam de peixes pequenos, mas servem de comida para alguns golfinhos.
“Como ela é um predador de topo de teia alimentar, ela mantém a diversidade biológica de todos os componentes abaixo dela, e por isso deve continuar nesse sistema para mantê-lo em equilíbrio. Esse processo todo pode levar entre seis e dez anos para que, a partir desse esforço, a sequência do manejo dessa espécie e do estoque pesqueiro seja baseado em um robusto banco de dados coletados de forma tripartite, e que norteará os ajustes regionalizados”, conclui Marcos.
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