Engenharia a serviço da pesca esportiva: amazonense cria sistema de monitoramento com base em torneio tradicional

Engenharia a serviço da pesca esportiva: amazonense cria sistema de monitoramento com base em torneio tradicional

Com dados de todas as edições do Torneio Amigos do Tarumã, Gabriel Zumaeta desenvolve pesquisa pioneira que reforça a sustentabilidade do “pesque e solte”

O Amazonas, berço da maior biodiversidade aquática do planeta, acaba de ganhar uma contribuição inédita para o desenvolvimento da pesca esportiva. Recém-formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), o engenheiro de pesca Gabriel Zumaeta realizou uma pesquisa pioneira que analisou todos os dados de captura do Torneio de Pesca Esportiva Amigos do Tarumã, desde sua primeira edição em 2014 até 2022.

O resultado foi um sistema de monitoramento inédito, voltado para campeonatos e atividades recreativas de pesca.

“Desde o início da graduação, sempre me interessei por caminhos fora do comum. A engenharia de pesca ainda é pouco conhecida, mas tem um papel fundamental no desenvolvimento sustentável do país”, explica Gabriel. A escolha do torneio como objeto de estudo não foi por acaso. Para o pesquisador, a atmosfera do turismo de aventura, somada à importância do evento no cenário local, despertou atenção para uma lacuna científica: “Enquanto nordeste e sudeste já tinham estudos nesse campo, no Amazonas não havia sequer uma análise técnica sobre os impactos da pesca esportiva competitiva”.

A pesquisa teve como foco inicial descrever a dinâmica do torneio: regras, espécies permitidas, equipamentos utilizados e o perfil dos participantes. Em seguida, Gabriel realizou uma análise sobre os efeitos da competição na sobrevivência dos tucunarés. O resultado surpreendeu: o torneio não só respeita as boas práticas ambientais como está à frente de outros eventos do país.

“As regras adotadas garantem a proteção dos peixes. O uso de vídeos para comprovação das capturas, o método ‘pesque e solte’ e o tamanho mínimo de 30 cm — cinco acima do exigido pelo IBAMA — mostram o comprometimento com a sustentabilidade”, destaca.

Para Rogério Bessa, organizador do Torneio Amigos do Tarumã, a pesquisa mostra como ciência e pesca esportiva podem andar lado a lado.

“O uso de dados científicos no monitoramento das competições traz informações valiosas sobre espécies, áreas de captura e tamanho dos peixes. Com isso, podemos avançar na formulação de políticas públicas mais eficientes”, afirma.

A longo prazo, Gabriel deseja ampliar o projeto. Uma de suas ideias é desenvolver uma espécie de rede social voltada à pesca esportiva, capaz de registrar locais de captura e mapear os melhores pontos de pesca no Brasil.

“Mas esse plano ainda está guardado a sete chaves”, brinca.

Aos novos estudantes da área, o recado é claro:

“Vão além da sala de aula. A engenharia de pesca é prática. A vivência é o que abre portas e ajuda a encontrar o seu lugar nesse universo tão amplo.”

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