Brasil inicia movimento para abrir mercado de pescados do Reino Unido

Brasil tenta se reaproximar do Reino Unido no mercado de pescados

Primeiras conversas entre Brasil e Reino Unido reúnem equipes técnicas dos dois lados do Atlântico

Em cuidadosos movimentos diplomáticos e comerciais, o Brasil retomou no início de novembro as negociações pela reabertura do mercado de pescados do Reino Unido, fechado desde 2018. As reuniões bilaterais estão acontecendo remotamente, dos dois lados do Atlântico, e envolvem equipes técnicas dos ministérios da Pesca e Aquicultura, Agricultura e Pecuária e do Departamento de Meio Ambiente, Alimentação e Assuntos Rurais (Department of Environment, Food and Rural Affairs (DEFRA), que é o equivalente deles ao nosso MAPA).

Trata-se de um comércio que, ao ser interrompido, movimentava cargas de mais de 200 toneladas produzidas no Brasil e rendia US$ 1,6 milhão aos pescadores e aquicultores brasileiros. 

No MPA, a reabertura do mercado do Reino Unido é visto como estratégica. Ele foi fechado cinco anos atrás porque o Brasil perdeu acesso às compras da União Europeia. À época, o Reino Unido ainda compunha aquele bloco — embora a decisão de saída tenha sido tomada em 2016 com o Brexit, o processo só foi concluído em 2020. Logo, em 2018, quando a comunidade europeia se fechou, Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte ainda tinham que seguir as políticas do velho continente.

VEJA TAMBÉM:

Pescador esportivo captura maior tucunaré-açú já catalogado no Brasil

Em Santa Catarina, Projeto Redes do Bem busca transformar nylon de redes em arte

Fã de pesca esportiva, Gusttavo Lima é surpreendido com peixe presenteado em show

Entre as causas alegadas para a interrupção, as condições higiênico-sanitárias da produção brasileira foi uma das mais repetidas. Agora, retomar a corrente de comércio com o Reino Unido vai significar um sinal claro da superação desse obstáculo. Consequentemente, seria um passo na direção da reabertura da rota comercial com a própria União Europeia. 

“Temos tratado desse tema com todo o cuidado que ele merece”, diz o ministro André de Paula. “Primeiro tivemos que fazer um dever de casa, promover alterações nas nossas normas, melhorar as condições de produção, e então começar a dialogar com os países sobre acesso a mercados”, completa. 

O primeiro passo das conversas coube ao MPA, numa reunião com o Departamento de Negócios (Department of Business, equivalente ao nosso Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio). O pescado foi posto por nós como pauta de interesse comercial. E daí o assunto evoluiu até o DEFRA, onde está agora.  

Em 2017, último ano de rotas abertas para a Europa, o Brasil exportou US$ 246 milhões em pescados para todo o mundo. O principal destino comercial era os Estados Unidos, que , sozinho, comprava 44% do que vendíamos para fora. A União Europeia, com o Reino Unido incluído, ficava com pouco mais de US$ 23 milhões, quase 10% do bolo, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). 

Ainda assim, perder os europeus foi um baque para o setor pesqueiro. Tanto que, durante a transição de governo, a retomada deste mercado foi elencada como uma das três grandes prioridades da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Iniciar a construção da ponte com a Europa pelo Reino Unido é um primeiro passo lógico. 

“É um país com quase 70 milhões de habitantes, com localização europeia, normas de consumo similares às europeias e, no entanto, desde o Brexit, um país fora da Comunidade Europeia. Faz todo o sentido negociarmos com eles”, diz Expedito Netto, secretário nacional de Pesca Industrial, que recentemente liderou uma comitiva do MPA à Rússia para conquistar mercado para o pescado nacional. 

Em relação à mão exportadora da corrente de comércio do pescado, o Brasil exportou neste ano até outubro pouco mais de US$ 215 milhões — observando-se quatro grandes subgrupos de produtos (filés de peixes congelados, frescos ou refrigerados; pescado inteiro vivo, morto ou refrigerado; crustáceos ou moluscos preparados ou preservados; e pescado seco, salgado, em salmoura ou defumado). 

Os EUA seguem como o principal destino, ao comprar 53% das nossas vendas externas de pescado. A Ásia, excluindo-se o Oriente Médio e o Sudeste Asiático, vem em segundo lugar, com 14%, e a América do Sul, excluindo o Mercosul e os países andinos, vem em terceiro, com 10% das compras.

Fechada para o Brasil, a União Europeia registra compras de novecentos e setenta e seis mil dólares, enquanto os demais países da Europa somam menos de US$ 2 milhões.

Informações: Ministério da Pesca e Aquicultura

Acompanhe a Revista Pesca & Companhia nas redes sociais!

Instagram | Facebook | Youtube