Cidade do Paraguai, que já foi considerada o principal destino de pesca do Rio Paraná, vai na contramão das vizinhas argentinas de Corrientes
Por Lielson Tiozzo
Dois mercados pesqueiros estão sendo construídos em Ayolas, no Paraguai. Segundo a Confederação de Pescadores locais, eles terão capacidade para manterem estocadas até 10 toneladas de pescados. Os empreendimentos estão sendo financiados pela hidrelétrica Yacyretá (Entidad Binacional Yacyretá). Uma empreiteira local foi contratada. O valor estimado ultrapassa US$ 160 mil e o término das obras deve se dar até julho.
Com isso, a cidade que antes era referência do turismo da pesca, promove um incentivo de mais capturas de peixes no Rio Paraná. A construção vai na contramão do que se dá na outra margem do rio, onde cidades argentinas aderiram à política da cota zero. E, por meio de empresários, investem no turismo e recebem pelo menos 70 mil brasileiros por ano.
Em Corrientes, na Argentina, o dourado e o surubim são protegidos. Cada pescador licenciado pode abater apenas um exemplar de cada espécie e pagar uma taxa por isso.
O modelo argentino, por sua vez, está sendo copiado em diversos estados no Brasil. É o caso de Mato Grosso do Sul, que depois de proteger o dourado quer emplacar uma proteção mais ampla.
Mas, no que depender da atual política pesqueira do Paraguai, a cota zero não faz parte dos planos. O país vizinho abandonou o acordo de proteção do dourado com Corrientes ainda em 2012. Houve intensa pressão dos profissionais, os quais tratavam a espécie como “praga”. O governo paraguaio entende que o incentivo ao consumo de pescados gera mais empregos e movimenta o mercado.
No final de 2018, um acordo entre uma grande rede de supermercados paraguaia foi firmado com profissionais de Ayolas, Cerrito e Panchito Lopez para o fornecimento quinzenal de uma tonelada de pescados. Todas estas cidades estão às margens do Rio Paraná.
Uma feira de pescados foi promovida pela própria EBY, em Assunção, pouco antes da piracema começar em novembro de 2018. Segundo os organizadores, cinco toneladas de peixes pescados no Rio Paraná foram vendidos em poucas horas.