Jackall, uma das principais fábricas do Japão, quer conquistar o mundo com produtos de qualidade e inovadores. Saiba mais sobre a marca em uma entrevista exclusiva com o promotor da marca Takuji Naruo
Por Alex Koike
Jackall: se você ainda não ouviu falar neste nome é melhor ir se familiarizando, pois atualmente é uma das empresas em maior evidência no mundo.
E isso não foi conquistado apenas após a vitória do
Bassmaster Classic pelo pescador Cliff Pace, que usou as artificiais Soul Shad, DD Cherry e Squad Minnow criadas por essa fábrica, mas pela qualidade ímpar dos equipamentos e pelo talento dos pescadores do seu staff, em especial de seus fundadores, Seiji Kato e Toshiro Ono.
Seiji Kato, além de competir é considerado um dos maiores gênios na criação de iscas artificiais.
Em 1988, quando estava na Daiwa, desenvolveu um dos plugs mais inovadores de todos os tempos, a TD Pencil, que possui passagem de água pelas guelras, aumentando o realismo do trabalho. Em 1994, já na Lucky Craft, criou a Sammy e a Pointer. Foi lá que passou a desenvolver os novos modelos digitalmente com programas em 3D.
Quanto a Toshiro Ono, teve trajetória parecida com a do seu sócio. Depois de se formar na faculdade foi trabalhar na Daiwa, ao mesmo tempo em que disputava os torneios. Em 1998, teve um dos pontos altos da carreira ao sagrar-se Pescador do Ano (Angler of the year) na JB World Series.
Antes da Jackall, Ono também participou de projetos na Lucky Craft e desenvolveu alguns modelos de uma das séries mais famosas de varas da Daiwa, a Battler Limited. Além do talento para a pesca do bass é um excelente homem de negócios.
Casamento perfeito
A união das qualidades desses dois pescadores há 20 anos fez surgir uma das marcas de maior sucesso no Japão.
Hoje, as iscas da marca são cobiçadas no mundo inteiro, inclusive alguns modelos são muito procurados aqui no Brasil, como a Bonnie, Bowstick, Squad Minnow e Pompadour.
Ciente desse potencial, no final de 2010, a Shimano firmou uma parceria com a marca para o desenvolvimento de uma série de varas.
O projeto foi chamado de Crossover e rendeu a série Poison Glorius em 2011, com uma tecnologia inovadora. Em 2013 foi a vez da Poison Adrena, cujo destaque fica para a extrema sensibilidade.
Para falar sobre a marca, conversamos com Takuji Naruo, responsável pela pesquisa e desenvolvimento de novo produtos, além da promoção desses materiais. Confira a entrevista a seguir:
Pesca & Companhia (P&C): Fale sobre a história da Jackall e como a empresa é hoje
Jackall: A Jackall foi fundada por Seiji Kato e Toshiro Ono em 1999.
A primeira isca produzida foi uma soft, a CrossTail Shad, modelo que até hoje é muito popular e usado na montagem drop shot. Em 2002, a Jackall começou a desenvolver as próprias varas e vender equipamentos para fora do Japão.
Em 2011, fundamos Lake Biwa Jackall Lodge, uma casa à beira do Biwa, onde reunimos o nosso staff para desenvolver nossos produtos. Dentro temos um grande aquário, no qual podemos ver o desempenho de algumas iscas.
P&C: Onde está localizada a fábrica? Toda produção é feita no Japão?
Jackall: A maioria de nossos produtos é manufaturada no Japão, na fábrica que está localizada ao lado do Lago Biwa (um dos mais importantes pesqueiros do Japão).
Apesar de parecer estratégico, nós não havíamos planejado construir a fábrica ao lado do lago. Diferente do Jackall Lodge, que foi criado para tornar o desenvolvimento de nossas iscas mais ágil, pois agora, assim que finalizamos os protótipos, podemos ir o mais rápido possível realizar os testes práticos.
P&C: Hoje, quais tipos de equipamentos fazem parte da linha de produtos da Jackall?
Jackall: São mais de 100 modelos de iscas para o black bass, trutas e para água salgada. Também produzimos varas, linhas de pesca, acessórios, como pesos e jigheads, peças de vestuário, como camisetas e bonés.
P&C: Quais seriam as principais características das iscas artificiais da Jackall?
Jackall: Muitos pescadores podem achar que as principais características dos nossos produtos são o realismo de nossas artificiais. Mas, elas vão além.
O destaque fica para a qualidade dos materiais usados nas iscas e o cuidado com a ação natural dentro da água. Por isso trabalham tão bem.
P&C: Seria possível detalhar um pouco o processo de fabricação?
Jackall: Lamento muito, mas não posso responder a essa questão. Esse tipo de informação confidencial é o nosso diferencial também.
P&C: Quais os critérios usados para criar uma nova isca? Como o público influencia nessa decisão?
Jackall: Sempre desenvolvemos algo que qualquer pescador consiga fisgar muitos peixes. E isso não seria apenas para o black bass, mas para qualquer espécie.
Quando descobrimos algum detalhe que ajude a pegar mais peixes, nos dedicamos para desenvolver essa qualidade. Raramente usamos uma ideia direta do público; discutimos as ideias entre nós.
P&C: Quanto tempo leva para uma isca sair do plano das ideias até chegar às prateleiras das lojas?
Jackall: Isso varia de produto para produto. Cada modelo passa pelo teste de nado, de resistência e por diversas pescarias. Acreditamos que nosso processo de desenvolvimento de isca seja mais rápido do que o de qualquer outra empresa. Normalmente uma isca leva de seis a dez meses para ficar pronta.
Alguns modelos ficam prontos muito rápido – cerca de três meses –, mérito de Kato, Ono e do nosso staff, que possui campeões de torneios e guias altamente qualificados.
Existe também casos excepcionais, como Aska, que levou cinco anos para o Seiji Kato alcançar o resultado que ele desejava: uma crankbait desenvolvida para colidir com as estruturas e não enroscar.
P&C: Já que o staff da Jackall foi mencionado, qual é a importância deles para a empresa?
Jackall: Temos mais de dez pescadores em nosso staff, não só no Japão, mas também disputando os principais torneios americanos, como Kota Kiriyama, que reside nos EUA e disputa a Elite Series da BASS.
Cada um tem um talento e estilo de pesca diferente. Por isso, normalmente, cada pescador é responsável por desenvolver um modelo de isca. Eles nos dão feedback sobre os nosso produtos e ajudam a divulgá-los em suas atividades, como nos torneios, guiando clientes, palestras, entre outros.
P&C: As artificiais da Jackall fazem sucesso no mundo inteiro. Como a empresa encara os concorrentes que copiam os modelos da marca?
Jackall: Os bons produtos sempre vão ser copiados por alguém; isso é inevitável. E se os nossos materiais são copiados, isso só prova que são realmente muito bons.
P&C: Qual é a isca de maior sucesso da Jackall? Existe alguma considerada revolucionária, seja pelo material, seja pela ação da isca?
Jackall: Esta é uma pergunta muito difícil. Acreditamos que todos os nossos produtos são bons e trazem algum detalhe que os torna diferenciados. Mas acho que é a série TN 50, 60 e 70, que é a vibration mais usada no Japão.
Agora, na minha opinião, uma das mais inovadoras é a Mask, pois ela não é uma soft e tem a mesma construção das artificiais de corpo rígido. Mask é Mask, não existe nada similar, e todo tipo de predador a adora.
P&C: Como a Jackall analisa outros mercados?
Jackall: A nossa marca vem crescendo no mundo inteiro. Pelo que acompanhamos, o mercado brasileiro tem um grande potencial e é o que mais cresce na América do Sul. Também possui uma grande variedade de espécies que podem ser capturadas com iscas artificiais.