Ilha Turneffe é um lugar especial onde é possível fisgar uma das espécies mais difíceis e forte dos oceanos
Por Rasmus Ovesen
Fotos: Rasmus Ovesen, Martin Ejler Olsen e Leslie Berkeley
Os gritos roucos da minha carretilha Sage 6010 não chegavam ao fim e a vara de fly estava perigosamente arqueada, sendo puxada compulsivamente na direção da superfície da água.
Eu me esforço para me inclinar sobre o peixe o quanto humanamente é possível, mas tenho um mau pressentimento. Já tinha pego antes o permit (sernambiquara) nos flats (áreas planas e rasas), mas a espécie no Elbow – um recife subaquático no sul da Ilha Turneffe de Belize, usa táticas radicalmente diferentes para se livrar das moscas.
Eles boiam e em seguida afundam em movimentos espirais. O teu menor indício de clemência terá consequências fatais – geralmente resultando em líderes estourados. É preciso impedir que os peixes atinjam os corais pontiagudos. Se isso acontecer, o animal a batalha será perdida.
Como um brincalhão que amarrou a linha a uma âncora de navio de cruzeiro, o permit foi desaparecendo nas profundidades azuis abismais em um ritmo perigosamente rápido – eu não consigia fazer nada para impedir.
Quando o backing começou a desfiar, percebo que estou a alguns segundos do fim. Em seguida eu caio para trás enquanto a linha fica frouxa.
“Era uma sernambiquara muito grande”, disse o nosso guia, Clifton KP Wade, sem palavras de consolo – obviamente ele estava certo e eu fico agachado no convés, com a minha vara e a frustração.
O guia prossegue e verifica o ajuste de freio da carretilha. Eu tinha deixado no ponto 9 de 10. Segundos depois, ele me devolve a vara e solta na minha mão outra Pizza Fly – uma isca que imita um camarão, mas tem o formato triangular que lembra um pedaço desse prato. Enquanto a amarro, mentalmente me preparo para outra rodada. Olho para a carretilha e percebo que a resistência do freio – agora estava em 10 de 10.